“Eu acho que a gente é invisível” : o trabalho como produtor de prazer e sofrimento no segmento de transporte de valores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nunes, Caroline Maria
Orientador(a): Merlo, Alvaro Roberto Crespo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/229978
Resumo: A presente pesquisa é um estudo exploratório que surgiu com o propósito de investigar as vivências de prazer e sofrimento apresentadas por profissionais de transporte de valores que atuam no setor de vigilância privada no estado do Rio Grande do Sul (RS). O interesse pela pesquisa desenvolvida e a escolha por esta categoria de profissionais em específico se deu pelo reconhecimento desse público de trabalhadores como um campo que merece ser explorado cientificamente, já que as publicações sobre prazer e sofrimento desses profissionais se demonstram relativamente escassas. Entretanto, a categoria ganha notoriedade quando é noticiada pela mídia em decorrência dos atos de violência sofridos pelos trabalhadores em assaltos a carros-fortes, evidenciando os inúmeros riscos que esses profissionais enfrentam dentro dessa atividade laboral. Para lidar com os riscos e a sobrecarga de trabalho, os trabalhadores irão se apoiar em estratégias defensivas e de resistência, criadas para permanência na organização de trabalho. Desse modo, este estudo de natureza qualitativa teve como objetivo compreender a dinâmica prazer-sofrimento no trabalho de profissionais de transporte de valores, bem como entender os impactos da organização de trabalho na saúde destes trabalhadores e o uso de estratégias defensivas e de resistência para lidar com o sofrimento. Com base nestes aspectos apresentados, a pesquisa foi construída através dos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho stricto sensu, a partir de uma adaptação, sendo composta pela pré-pesquisa, pela pesquisa propriamente dita e pela validação e refutação dos resultados. Os instrumentos utilizados para o levantamento das informações foram entrevistas semi-estruturadas individuais e coletivas, buscando-se encontrar na fala dos profissionais de transporte de valores aspectos semelhantes, atendo-se às demandas do coletivo. A pesquisa foi composta por 11 entrevistas, sendo 10 entrevistas individuais e 1 entrevista coletiva, totalizando a participação de 17 homens profissionais de transporte de valores. A Psicodinâmica do Trabalho também fundamentou a interpretação e análise desse material, buscando-se entender quais recursos de mediação do sofrimento o trabalhador cria para suportar a carga psíquica no trabalho, e identificando os possíveis riscos à sua saúde mental. A partir dos resultados apreendidos durante as entrevistas, foi possível analisar os atravessamentos da organização de trabalho na produção de prazer-sofrimento no trabalho em transporte de valores. Além disso, comprovou-se que a falta de visibilidade e investimentos atribuídos à saúde dos trabalhadores levará à busca por estratégias defensivas e de resistência para lidar com as adversidades do trabalho. No entanto, essas estratégias, quando enfraquecidas, não conseguirão impedir os impactos advindos da organização do trabalho, que irão interferir na vida e na saúde desses profissionais.