Adaptação transcultural e evidências de validação psicométricas do Inventory of Callous-Unemotional Traits (ICU) para avaliação de traços de insensibilidade e afetividade restrita de adolescentes no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rigatti, Roberta
Orientador(a): Heldt, Elizeth Paz da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/142818
Resumo: Traços de insensibilidade (callous) e afetividade restrita (unemotional) estão associados à característica essencial de comportamento antissocial na infância e adolescência. O Inventory of callous-unemotional traits (ICU), traduzido como Inventário de traços de insensibilidade e afetividade restrita, é um instrumento de autorrelato, com 24 itens, que mensura esses traços. No entanto, o ICU ainda não foi adaptado para o português falado no Brasil. O presente estudo tem por objetivo realizar a adaptação transcultural do ICU e verificar as evidências de validação psicométricas para adolescentes brasileiros. O estudo foi dividido em duas etapas: a primeira, de tradução, retradução, avaliação por comitê de especialistas e avaliação da clareza, da versão pré-final traduzida; e a segunda, a avaliação das evidências das seguintes propriedades psicométricas da versão final: validade de constructo, por meio da análise fatorial confirmatória (AFC) e exploratória (AFE); consistência interna via confiabilidade intra e interavaliadores; e validade de convergência através da correlação com o Questionário de Capacidades e Dificuldades – versão criança (SDQ-C). A amostra foi composta por adolescentes, entre 10 a 17 anos, de ambos os sexos, matriculados em quatro escolas da rede pública de ensino fundamental. A AFC foi embasada em oito modelos de estrutura fatorial, conforme estudos prévios de validação do ICU. O instrumento foi aplicado novamente em 40 alunos sorteados, com intervalo de 15 dias, para verificar a confiabilidade intra-avaliadores (teste-reteste). A pesquisa foi aprovada em Comitê de Ética em Pesquisa (CAEE nº 19651113.5.0000.5338). Após as considerações do comitê de especialistas e a aprovação do autor do ICU, 40 alunos avaliaram a clareza da versão pré-final e os termos considerados de menor entendimento foram adequados, concluindo-se, então, a etapa de adaptação transcultural. A versão final do ICU foi aplicada em 1307 estudantes, sendo 673(51,5%) do sexo masculino, com média de idade de 12,7(DP=1,68) anos. Os modelos fatoriais com melhores ajustes foram: o bifatorial adaptado de dois fatores de Hawes et al. (2014), e o bifatorial de três fatores de Waller et al. (2015). Os resultados das cargas fatoriais após AFE foi aceitável para ambos os modelos, sendo a versão breve (ICU-B) com um fator geral de 12 itens e dois fatores definidos como: insensibilidade (callous – 7 itens) e indiferença (uncaring – 5 itens). A versão do ICU com 18 itens também permaneceu com um fator geral e os três fatores definidos como: insensibilidade (callous – 9 itens), indiferença (uncaring – 4 itens) e afetividade restrita (unemotional – 5 itens). A consistência interna intra-avaliadores foi satisfatória, com coeficiente de correlação intraclasse (ICC) >0,700, em ambos os modelos. A confiabiliadade interavaliadores foi considerada moderada, no fator geral, para o ICU com 12 itens (alfa Cronbach = 0,616) e o modelo ICU de 18 itens foi satisfatória (α= 0,700). Houve convergência do ICU com o SDQ-C, sendo as correlações significativas negativas (r >0,300) entre o domínio pró-social e correlação significativa positiva com o domínio conduta e hiperatividade. Após a realização da adaptação transcultural e a avaliação das evidências de validação psicométricas do ICU para adolescentes brasileiros, obteve-se dois modelos com bons ajustes: com 12 itens (ICU-B) e com 18 itens (ICU). O constructo, conforme foi determinado após as evidências de validação, poderá favorecer a detecção precoce de características psicopatológicas em adolescentes brasileiros e contribuir para o desenvolvimento de pesquisas no tema.