A concepção da qualidade de vida em idosos uruguaios : uma introdução à adaptação transcultural das medições da qualidade de vida associada à saúde bucal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Campomar, Mariana Seoane
Orientador(a): Celeste, Roger Keller
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202735
Resumo: A qualidade de vida (QoL) é um construto subjetivo, multidimensional e dinâmico que apresenta diversidade tanto entre os sujeitos no decorrer da vida quanto em diferentes culturas. Esse conceito, relacionado à saúde bucal (OHRQoL), foi incorporado como um complemento aos indicadores normativos, uma vez que as perspectivas dos pacientes podem ser um fator decisivo para o planejamento do tratamento odontológico e para o desenvolvimento das políticas de saúde pública. Muitos instrumentos da OHRQoL existem, mas foram criados para sociedades diferentes das latinas e seu processo de validação não foi sistematicamente estudado. A partir de uma perspectiva transcultural, a tradução e a adaptação são importantes, especialmente quando a percepção da QoL pode mudar no decurso dos anos. O objetivo deste estudo foi reunir evidências do processo de validação de instrumentos da OHRQoL e explorar o significado da QoL dos idosos uruguaios, buscando a compreensão das principais estratégias utilizadas pelos idosos uruguaios para uma melhor QoL. Procurou-se avaliar o estado atual das medidas da OHRQoL e elaborar um modelo conceitual da QoL. Seguindo o protocolo Cosmin, uma indagação sistemática da literatura foi feita no Medline e Scopus utilizando a estratégia PICO. Os critérios de inclusão foram artigos originais avaliando propriedades psicométricas de instrumentos de OHRQoL na população adulta. Foram excluídas amostras menores de 18 anos, não análise psicométrica ou validação, não OHRQoL, revisão, animais e estudos de laboratório. Instrumentos com menos de 3 itens também foram excluídos. As variáveis de desfecho incluíram as propriedades psicométricas avaliadas por qualquer tipo de validação e a presença de validação transcultural. As variáveis de exposição foram: o objetivo do estudo, o nome do instrumento e o número de itens, ano e revista de publicação e país do estudo. Foram incluídas 262 referências para a revisão de texto completo, Sendo encontrados 39 instrumentos originais entre 66 versões diferentes, 42 genéricas e 24 específicas da condição. O OHIP-14 foi o mais frequente (30,92%), seguido pelo GOHAI (17,56%), OHIP-49 (16,8%) e o OIDP (OIDP-8) (6,9%). CFA / IRT / SEM estavam presentes em 8,40% dos estudos; 9,9% (n = 8) no OHIP-14 e 8,7% (n = 4) no GOHAI-12. A maioria dos estudos CFA / IRT / SEM foi para as versões em português (n = 8), seguida por inglês (n = 7). A presença de adaptação transcultural foi de 12,6% (n = 33) entre todos os estudos, a maioria realizada no OHIP-49 (n = 9). Apenas 2 estudos incluíram a participação de sujeitos no primeiro passo da adaptação transcultural. Através da abordagem qualitativa baseada na Teoria Fundamentada, e por meio de uma amostragem teórica, foram realizadas 30 entrevistas semi-estruturadas para 30 idosos uruguaios (63-91 anos), residentes em diferentes regiões do país, entre 2017 e 2018. Tomando como eixo as entrevistas, foi desenvolvida uma codificação aberta e axial que permitiu estabelecer temas e categorias posteriormente associadas com a literatura. Foram utilizadas estratégias como bola de neve, flip flop, memorandos, observação, análise constante e comparativa. A análise permitiu construir um modelo dinâmico da QoL adaptado aos idosos uruguaios, identificando uma categoria central – “living the best you can” - que representa sua visão da QoL. Os temas mostraram que o processo de enfrentamento intervém entre estressores contextuais (adoecimento, envelhecimento) e sua percepção da QoL. Além disso, fatores pessoais – “locus of control” -, assim como fatores sociais – “social support” - foram encontrados intervindo nesse processo. Tendo em vista o procedimento de validação dos instrumentos existentes, apenas alguns deles passaram por um rigoroso processo e a adaptação transcultural dificilmente incorpora os participantes nos estágios iniciais. Considerando-se as conotações subjetivas e culturais do conceito da QoL e a complexidade associada à sua mensuração, as evidências empíricas desenvolvidas a partir do estudo qualitativo podem permitir ajustar o modelo desenvolvido para aferir os reflexos da OHRQoL. Consequentemente, a adaptação de itens dos questionários poderia ser realizada e, além disso, novas medidas conseguem ser geradas em seu ambiente cultural, complementando as evidências surgidas das propriedades psicométricas dos instrumentos.