Preditores de mortalidade após alta hospitalar em pacientes idosos com e sem diabetes melito : dois anos de seguimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Beretta, Mileni Vanti
Orientador(a): Rodrigues, Ticiana da Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196874
Resumo: A perda de massa muscular e a desnutrição durante a hospitalização são fatores que contribuem para a pior qualidade de vida, morbidade e mortalidade no paciente idoso. O objetivo deste trabalho foi identificar os preditores de mortalidade após a alta hospitalar. Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, com seguimento de dois anos, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no período de julho de 2015 a dezembro de 2016. Foram incluídos pacientes acima de 60 anos, com até 48 horas de admissão hospitalar, que concordassem em participar da pesquisa e assinassem o termo de consentimento. Foram excluídos pacientes que não deambulavam, aqueles com alguma amputação, demência ou sequela motora avançada, aqueles com passagem pelo centro de terapia intensiva e aqueles com permanência hospitalar menor que dois dias. A avaliação nutricional foi realizada através da Mini Avaliação Nutricional (MAN). A presença de sarcopenia foi avaliada pelo teste de mobilidade “time up and Go” (TUG), pela força do aperto de mão (FAM) através de um dinamômetro analógico (Saehan) e pela circunferência da panturrilha (CP). A presença de sarcopenia foi considerada quando: TUG<0,8m/s, FAM <20Kg para mulheres e <30Kg para homens e CP<34 cm para homens e <33 cm para mulheres. A espessura do músculo adutor do polegar (MAP) foi avaliada na mão dominante utilizando um plicômetro (Lange), os valores obtidos foram divididos em quartis. O nível de independência foi avaliado pelo questionário de atividades instrumentais da vida diária (AIVD). Variáveis como peso, CP, FAM, MAP foram avaliadas na admissão e na alta hospitalar. O prontuário do paciente foi consultado para completar dados sobre o histórico de saúde, para a pontuação do questionário de risco de quedas e avaliação de quedas durante a internação. Após a alta hospitalar, os pacientes tiveram seu prontuário consultado e 14 também foram contatados por telefone em: 1,3,6,9,12 e 24 meses. Nestes contados, os dados verificados foram: o estado geral de saúde, ocorrência de internação em outra instituição, perda ou ganho de peso após alta hospitalar e quedas. A mortalidade foi investigada por consulta ao prontuário, contato telefônico e registro do óbito. Foram incluídos 616 pacientes, dos quais seis pacientes desistiram de participar após a alta hospitalar. Os 610 pacientes analizados, tinham idade média de 71,35 ± 6,45, 51% do sexo feminino, 77% de cor branca e 90% sedentários. Cerca de 15% eram fumantes e 77% possuiam o 1º grau concluído. Os pacientes foram estratificados de acordo com a presença de diabetes melito tipo 2 (DM2), mortalidade (sim e não) e tempo de internação (acima e abaixo de 7 dias). O DM2 estava presente em 50,6% da coorte, hipertensão arterial em 70% e neoplasia de qualquer natureza em 27,8%. No período de dois anos, 170 (28%) dos pacientes foram a óbito e 234 (40%) reinternaram. As causas dos óbitos foram: 47 (7,6%) por doença cardiovascular, 57 (9,3%) por neoplasias, 39 (6,3%) por choque séptico, 13 (2%) por doenças pulmonares e 15 (2,3%) por outras causas. A sarcopenia estava presente em 237 (39%) dos pacientes já na admissão hospitalar. Quando comparados ao pacientes sem DM2, os pacientes com DM2 apresentaram mais quedas intra hospitalar (34% vs. 19%, p=0,001), bem como maior risco de quedas (40 pontos vs. 35, p=0,006), mais sobrepeso (54,5% vs. 38%, p=0,005), menor FAM (19,62±7,5 vs. 21.,19±7,3, p=0,009), menor mobilidade (0,54 vc. 0,60, p<0.001) e maior prevalência de sarcopenia (46,5% vs. 31%, p=0,001). Análises ajustadas de regressão de Cox mostraram como preditores de maior tempo de internação: redução da FAM durante a hospitalização, perda de >5% do peso corporal e presença de desnutrição. Os preditores de mortalidade foram: tempo de internação acima de 7 dias, presença de DM2, qualquer tipo de neoplasia, menor espessura do MAP, maior nível de dependência e a coexistência de DM2 e sarcopenia. Este estudo 15 mostrou que os pacientes idosos apresentam desfechos desfavoráveis em função da sua condição de base, mas também pelo processo de desnutrição e perda de força pela própria internação hospitalar. Identificamos também que a avaliação da espessura do MAP pode ser uma ferramenta de fácil aplicação na prática clínica com grande potencial para identificar os pacientes em maior risco de piores desfechos nutricionais e clínicos, incluindo mortalidade.