Marielle Franco, um acontecimento antropofágico: a comunicação de um corpo incômodo a cultura e política do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pires, Fernanda Bastos
Orientador(a): Weber, Maria Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/212493
Resumo: Essa dissertação busca configurar como acontecimento o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, em 14 de março de 2018. O objetivo é compreender como a morte de uma mulher negra — moradora da favela da Maré, mãe e LGBT+ — mobilizou o debate público e fez emergir a disputa sobre a inscrição dessa figura pública na memória coletiva. Com base no entendimento de Deleuze (2015) — de que o sentido é o próprio acontecimento e de que ele sinaliza um estado de coisas —, a análise se baseia em hermenêutica e em uma leitura antropofágica, que enfatizam a manutenção das desigualdades entre as populações racializadas como brancas e negras no Brasil (PAIXÃO, 2005). No debate, os processos de atribuição de sentido ao acontecimento e as tentativas de desacontecimentalização fazem emergir quatro eixos interpretativos baseados nos embates sobre a credibilidade de Marielle, representados pelos tipos ideais paradoxais de heroína e anti-heroína, mártir e inimiga, além de sua apropriação como produto de consumo. A antropofagia de Marielle favorece a naturalização do acontecimento em prol do triunfo da ideologia da democracia racial como mito persistente na cultura brasileira.