Avaliação da integração de biomarcadores na barreira intestinal: uma abordagem para avaliação da qualidade ambiental.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gonçalves, Alexandre Rodrigo Nascimento
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214952
Resumo: O litoral paulista apresenta regiões estuarinas heterógenas em relação aos níveis de ação antrópica, destacando a Estação ecológica Jureia-Itatins (JES) uma área bem preservada, que se caracteriza como uma área de proteção integral; o Sistema Estuarino Lagunar de Cananéia-Iguape-Peruíbe (CAN) uma área de proteção afetada por rejeitos de antigas atividades mineradoras; e Complexo Estuarino de Santos-São Vicente (SSV) uma região altamente populosa e com atividades industriais. Trabalhos com diferentes biomarcadores se fazem necessários, pois fornecem informações sobre a integridade e funcionamento dos órgãos. O trato gastrointestinal (TGI) configura-se como uma barreira altamente seletiva, com grande potencial plástico, sendo fundamental para a manutenção da homeostase dos organismos. Baseado no fato de a via alimentar ser uma das principais rotas de exposição dos organismos aos contaminantes, e de que a barreira intestinal é altamente responsiva aos efeitos da contaminação, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade ambiental de três regiões do litoral do paulista com diferentes níveis de ação antrópica, e investigar como a barreira intestinal se comporta nessas regiões. Nas três regiões de estudo foram coletados juvenis de bagres Genidens barbus para as análises biológicas e sedimentos para quantificação de diferentes metais. Os bagres tiveram seus segmentos intestinais coletados para a avaliação da estratigrafia intestinal; identificação dos linfócitos intra-epiteliais (IELs) e células caliciformes AB+ e PAS+; análises morfoquantitatvas das subpopulações neuronais mioentéricas geral (Giemsa), metabolicamente ativa (NADH-dr+) e nitrergica (NADPH-dr+) e avaliações bioquímicas, tais como, presença de dano em DNA e peroxidação lipídica (LPO) e atividade da Glutationa Reduzida (GSH), Glutationa Peroxidase (GPx) e Glutationa S-Transferase (GST) . Os resultados foram submetidos ao teste de One way ANOVA com nível de significância de 5%. A significância das diferenças entre os tratamentos foi avaliada também por meio da Análise Permutacional de Variância (PERMANOVA) multivariada, e os resultados dos biomarcadores bioquímicos também foram integrados por meio do Índice Integrado de Respostas de Biomarcadores (IBR). Três metais apresentaram concentrações elevadas no sedimento de CAN (Cu, Pb e Zn), enquanto em SSV os ISQGs específicos a classificaram como moderadamente contaminada por Zn e Ni. Valores elevados de dano em DNA ocorreram em CAN, juntamente com vilosidades com menores alturas (p<0,05), indicando perturbações no processo de turnover. Esses danos causados pela exposição aos metais explica a redução dos neurônios metabolicamente ativos no plexo mioentérico (p<0,05) e o aumento na expressão de NO como estratégia neuroprotetora pelos neurônios nitrérgicos. Porém, diferente de SSV, as alterações observadas no TGI dos bagres de CAN aparentemente não tiveram relação direta com o estresse oxidativo, mas sim da interação dos íons metálicos com o material genético. Em SSV as alterações na mucosa ocorreram com as menores quantidades de caliciformes (p<0,05), o que está relacionado com os elevados níveis de atividade das enzimas do sistema antioxidante e de LPO. Também, nessa região foi observado uma diminuição do metabolismo geral do plexo mioentérico, mas principalmente nas subpopulações mais sensíveis a contaminação. Conclui-se, que as três regiões estuarinas apresentaram diferentes qualidades ambientais, o que se refletiu nas alterações na plasticidade da barreira intestinal. Essa barreira mostrou-se extremamente responsiva e comportou-se de maneiras diferentes nas três regiões estuarinas.