Resumo: |
Este trabalho de intercessão-pesquisa é fruto da práxis de um trabalhador-intercessor psicólogo que atua em uma unidade hospitalar de tratamento – internação e ambulatorial – para sujeitos consumidores de álcool e drogas, e tem por objetivo a produção de um saber-experiência. Utiliza-se do Dispositivo Intercessor para realizar uma intercessão-pesquisa baseada na práxis e, consequente, na instrumentalização de práticas Psicossociais. Como lócus tem-se uma unidade hospitalar de tratamento para sujeitos consumidores de álcool e drogas. Participaram desta intercessão-pesquisa adolescentes em tratamento neste estabelecimento e trabalhadores da equipe desta unidade de saúde, sendo que os casos e situações analisados foram recolhidos no período de seis meses. O contato com os participantes se deu por meio de atuação como psicólogo. Partindo da práxis, foram evidenciadas situações por meio do uso de um Diário de Intercessão, pensado e teorizado junto à Universidade. A partir destas reflexões alguns dimensionamentos do campo de Atenção à adolescentes consumidores de álcool e drogas foram delineados, a saber: o levantamento de dados referente às políticas públicas para adolescentes e sua instrumentalização nos últimos vinte anos, no Brasil; a leitura dos Modos de Produção de Atenção na Saúde Mental, guiados pela leitura Paradigmática de Costa-Rosa (2013), a descrição dos modos de produção de pesquisas qualitativas, na busca pelo referencial que permitisse realizar um estudo partindo da posição de trabalhadores implicados, que desejam transformar a realidade pesquisada; uma análise do estabelecimento de atuação e um levantamento de conceitos-ferramentas julgados apropriados para a instrumentalização de práticas pautadas pela ética Psicossocial. Considerados tais aspectos, foram instrumentalizadas intercessões Psicossociais. O desenvolvimento da intercessão-pesquisa nos levou a algumas conclusões: haveria dois grandes Paradigmas de Atenção no campo da Saúde Mental na atualidade, em oposição dialética constante; diversos quesitos das políticas públicas para adolescentes, encarnadas no Estatuto da Criança e do Adolescente não estão sendo efetivadas no campo da Atenção aos adolescentes, constatação obtida por meio da bibliografia e confirmada também no estabelecimento de saúde no qual atuamos, dadas certas práticas realizadas pelos trabalhadores. Contudo, posicionados a partir do Paradigma Psicossocial, adotamos na práxis, um conjunto de deslocamentos e reposicionamentos para operacionalizarmos intercessões Psicossociais visando superar as práticas alienantes, moralistas, prescritivas, assujeitadoras e violadoras de direitos, tão comuns neste campo. |
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