Franklin e seus aforismos educativos: um modo de existência e de conduta moral e da racionalização da sexualidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Biondo, Valéria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253139
Resumo: Benjamin Franklin é uma figura emblemática, complexa e representativa de poder – exemplo de cidadão com inteligência social, patriarca da liberdade –, da ética e da moral protestante baseadas numa conduta de vida racional, em que seu estilo de existência se propõe ao trabalho como sinônimo da energia vital do homem, de expressão de liberdade e de dignidade humana ao negar o ócio: uma vida corporal, de prazeres e comodidades, ou seja, a negação da sexualidade sem fins de procriação, os sentimentos, as emoções em detrimento de se conseguir ler e viver a realidade racionalmente. A construção desse “novo” modo de existência em sociedade parece escamotear a sexualidade, compreendida em seu sentido amplo, como um dispositivo que entrelaça complexos mecanismos que geram desconforto. Segundo Foucault, em A Microfísica do Poder, a sexualidade é um comutador que nenhum sistema moderno de poder pode dispensar. Nesse modelo de perfeição moral construído por Franklin, onde se encontra o dispositivo da sexualidade que realiza trocas, que produz discursos como verdades? Em que práticas discursivas e de si constitui(em)-se a(s) subjetividade(s) de Franklin que serve(m) de figura exemplar de conduta a ser seguida hodiernamente? Assim, objetiva-se investigar as práticas discursivas e de si que constituíram a(s) subjetividade(s) e a sexualidade (ou seu silenciamento) franklinianas e tomadas como modelo de práticas discursivas e de modo(s) de existência(s) por meio de aforismos, citações do pensamento de Franklin na contemporaneidade por usuários de redes sociais, tais como o Twitter, o LinkedIn e o YouTube. A pesquisa é baseada na Análise de Discurso, sob o método arqueogenealógico foucaultiano, com foco no terceiro domínio, denominado Genealogia da Ética, com o intuito de problematizar e analisar os discursos enquanto práticas. Nesse caso, as práticas de subjetivação – de objeto, da produção do/pelo outro e das relações de trabalho consigo mesmo. A análise se realiza a partir da escrileitura discursiva genealógica foucaultiana da obra Autobiografia de Benjamin Franklin, observando e problematizando o pensamento do autor e seu modelo de perfeição moral e quais práticas e técnicas de si são elaboradas para construção de sua estética de existência, bem como a forma como isso molda a ideia do “novo homem” contemporâneo. Em seguida, identifica no momento presente a representatividade e a influência do pensamento frankliniano nas redes sociais e como os aforismos, citações, epígrafes de Benjamin Franklin são apropriadas pelos usuários e se tornam práticas discursivas e de si na produção de verdades e subjetividades com vistas a uma educação de si e a transformação do sujeito contemporâneo no reflexo das ações de outrem. A escrileitura e a análise discursiva da Autobiografia de Franklin apontam que as práticas de si aplicadas por Benjamin tomam a “escrita de si” como ferramenta do governamento de si de forma a racionalizar a sexualidade em detrimento do trabalho como energia vital e expressão de liberdade, bem como de respeito à dignidade humana. Os resultados demonstram as heterogeneidades e dispersões das relações do sujeito/usuário das redes sociais buscando por meio de práticas discursivas e de si de Franklin construírem suas subjetividades que são simulacros de modos de existência idealizados e racionalizados por outrem, assim, buscam autoeducar-se, automodelar-se numa perspectiva racional em que tempo é dinheiro e cada um é o empreendedor de si mesmo, relegando a sexualidade como algo não relevante à pulsão de vida.