Colheitas visíveis: a construção da soberania alimentar por meio dos circuitos curtos de comercialização, o caso da Cooperflora (Comuna da Terra Milton Santos, Americana-SP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rocha, Livia Murari
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
MST
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215623
Resumo: O presente trabalho é um esforço de analisar a experiência da cooperativa Cooperflora, localizada na Comuna da Terra Milton Santos, no município de Americana-SP, a partir da comercialização de produtos agroecológicos em circuitos curtos. O intuito da pesquisa foi compreender como uma experiência de grupo de consumo tem sido construída no enfrentamento de um cenário de retrocessos na política pública para comercialização, a partir de 2015. Todavia, se a Cooperflora surge no cenário de retração do papel do Estado, ela também surge sob orientações do mais recente plano agrário do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): a proposta de Reforma Agrária Popular. Com uma abordagem territorial, posto que parte da ideia de que os territórios são materiais e imateriais, isto é, é o espaço físico e é o espaço social e, este último, é carregado por ideologias, relações sociais, ideias e pensamentos, não é possível pensar o campesinato se não for a partir de suas multiterritorialidades. Para tanto, partindo do pressuposto das complexas relações entre campo e cidade, buscou-se pensar a produção e reprodução social camponesa por meio da auto-organização em cooperativa, ao protagonizar um projeto político que parte e se solidifica via sociedade civil e por meio de movimentos sociais. O trabalho está fundamentado, sobretudo, na pesquisa qualitativa; através do estudo de caso da Cooperflora, a construção de dados se deu pela observação participante e a realização de entrevistas. Considerou-se que a iniciativa das cestas agroecológicas da Cooperflora faz parte da constituição da soberania alimentar, ao construir alianças e resistências locais para manutenção do campesinato. Na contracorrente do regime alimentar dominante, a cooperativa resgata saberes tradicionais em torno do alimento, resgata culturas agrícolas que não estão circulando nos mercados, valoriza o camponês, dialoga, forma (e informa) a população urbana. Um dos resultados da pesquisa foi o de realçar a permanência de uma iniciativa em circuito curto de produção, o que possibilitou a geração e progressão de renda, a construção da práxis agroecológica nos lotes das/os cooperadas/os, o aumento da diversidade de cultivo de espécies, a implantação de sistemas agroflorestais, a utilização de técnicas como o consórcio de culturas e a cobertura vegetal, a diversificação na alimentação de agricultores/consumidores e a aliança de classe entre campo e cidade.