Apontamentos acerca das vicissitudes da subjetividade no mito de Don Juan

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Bezerra, Paulo Victor [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/97595
Resumo: O mito de Don Juan surgiu em 1630 na peça O Burlador de Sevilha e o Convidado de Pedra, escrita por Tirso de Molina. Desde então o personagem ganhou espaço no imaginário coletivo através de inúmeras releituras que o levou a ser reconhecido como um mito moderno. O objetivo desse trabalho é analisar o mito de Don Juan tal como ele se expressa em obras literárias e cinematográficas, identificando as expressões da subjetividade e suas transformações ao longo desses 400 anos. Para analisar tais representações, importantes para a construção e desenvolvimento desse mito, utilizamos como referência metodológica a análise de conteúdo. As primeiras representações de Don Juan pintavam-lhe como anti-herói. Uma observação detalhada do contexto de seu aparecimento revelou que o mito surgiu como um dispositivo da Contra-Reforma para combater o individualismo e a crise de valores que se irrompeu com a falência dos ideais Renascentistas. Assim, verificamos que a discussão inicial em torno do mito, fundado nas burlas de Don Juan, gira em torno da crise entre indivíduo e sociedade, entre os valores morais da sociedade e a conduta dos seus sujeitos. As subsequentes atualizações do mito deslocam esse conflito do terreno da religião para as instituições sociais emergentes. Em 1821, Lord Byron começa a escrever um Don Juan em conflito com os ideais das revoluções burguesas. Já em 1973, curtindo o legado da revolução feminista, Don Juan vem à tona como uma mulher sedutora e insaciável, interpretada por Brigitte Bardot. Em 1995, o personagem é novamente evocado para relembrar, ao mundo globalizado, o papel da fantasia. Já em 2005 o plot é revisto e ampliado por José Saramago, que lhe imprime, além da falência do inferno como instância punitiva, as características do sujeito atual. Sem a pretensão de esgotar o assunto, este trabalho revela as transformações do sujeito e sua relação com alguns aspectos da sociedade