Interferência do inseticida fipronil nas respostas ao estresse oxidativo de Tilápias do Nilo mediadas pelo ácido gama aminobutírico (GABA), durante períodos de hipóxia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Dourado, Priscila Leocadia Rosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181972
Resumo: O Regent®800WG é um dos inseticidas mais utilizados no cultivo de cana-de-açúcar no Brasil e apresenta como princípio ativo o fipronil. O fipronil apresenta alta capacidade de interação com os receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA), sendo que seu principal mecanismo de ação é competir com o GABA pelos canais de cloro, resultando em excitabilidade. O fipronil é um composto persistente no solo e tem sido amplamente detectado em ambientes aquáticos. Em ambientes naturais a ação e efeitos desse tipo de composto podem ser influenciados por diferentes aspectos ambientais, como variações na temperatura da água, pH, salinidade e oxigênio dissolvido. Da mesma forma, os efeitos de poluentes ambientais podem alterar as adaptações dos animais frente a essas variações ambientais, elevando os riscos de mortalidade frente adversidades do ecossistema. Assim, o presente trabalho objetivou avaliar a influência da exposição a uma formulação comercial do fipronil (Regent®800WG) em peixes expostos à hipóxia e à diferentes temperaturas, utilizando parâmetros de estresse oxidativo, danos ao DNA, níveis de transcrição gênica, bem como concentração de hormônios sexuais. No primeiro estudo objetivou avaliar a influência da exposição ao fipronil (Regent®800WG) nas concentrações 0,1 e 0,5 µg.L-1, no encéfalo, em parâmetros de estresse oxidativo nas brânquia e fígado e os efeitos genotóxicos em eritrócitos de Oreochromis niloticus submetidos à hipóxia for 3 e 8 horas. Em um segundo trabalho, objetivamos avaliar a influência do fipronil administrado na comida em respostas bioquímicas de robalos (Dicentrarchus labrax) sob diferentes temperaturas. Os resultados mostraram que os sistemas de defesa antioxidantes dos peixes permaneceram elevados durante as primeiras 3 horas de exposição, possivelmente para se adaptar às condições de estresse hipóxico. Nos grupos expostos ao fipronil, as concentrações e os tempos de exposição influenciaram o sistema de defesa antioxidante, alterando a atividade das enzimas antioxidantes CAT, GR e da enzima de biotransformação GST. Os resultados também nos permitiram observar que os mecanismos de desintoxicação foram específicos para cada tecido, sendo as alterações mais representativas encontradas nas brânquias. No cérebro, observamos que os níveis de transcritos dos receptores GABA, do HIF-1A e da enzima antioxidante CAT, mostraram um regulação negativa para todos os grupos após 3 h de exposição, porém, no decorrer do tempo de exposição os níveis de transcrição mostraram voltar aos níveis basais, exceto no receptor GABAb1 no grupo exposto ao fipronil (0,5 µg.L-1) na presença de hipoxia. Os resultados do estudo feito com robalos (D. labrax) reveleram que o fipronil administrado na comida, sob a influência de diferentes temperaturas, prejudicou as respostas metabólicas e antioxidantes dos animais expostos, bem como influenciou na regulação dos hormônios sexuais (E2, T, 11-KT). Esses resultados sugerem uma resposta do corpo do animal para balancear os efeitos negativos iniciais dos tratamentos, que possivelmente foram afetados pela presença de contaminantes ou das variáveis ambientais (hipóxia, temperatura). A exposição aos estressores ambientais combinados, causou maior distúrbio nas respostas bioquímicas, fisiológicas e neuronais dos peixes quando comparados aos fatores individuais, bem como foram capazes de induzir dano genotóxico e peroxidação lipídica nos tecidos dos peixes, reforçando a importância de avaliar os prejuízos que contaminantes químicos podem causar à espécies não-alvo, como peixes, e melhor compreender como esses contaminantes interferem nos mecanismos adaptativos dos peixes à variações nas condições ambientais.