Resumo: |
Substâncias químicas podem se dissolver facilmente na água, facilitando a comunicação química. No entanto, pouco se sabe como ela ocorre nos peixes e se afeta respostas de estresse e, ainda, a influência da mesma em peixes de diferentes condições sociais. Para isso, conduzimos dois experimentos com o peixe matrinxã, Brycon amazonicus. O delineamento do experimento 1 consistiu em testar se extrato de pele em diferentes concentrações e odor de coespecífico machucado podem provocar respostas comportamentais de alarme e estresse. Para isso, testamos os seguintes tratamentos: água pura (AP); extrato de pele controle (EC), extrato de pele diluído (E-) e extrato de pele concentrado (E+) (5,5 µl/L, 2,7 µl /L e 11,0µl /L, respectivamente); ou água contendo odor de peixe machucado (Mac) (machucados advindos de briga com coespecífico). O comportamento dos peixes foi registrado antes e depois das adições (três adições), em cada tratamento (n=12). No Experimento 2, o delineamento consistiu em testar se odores de coespecíficos de diferentes condições sociais afetam o comportamento agressivo e as respostas de estresse. Para isso, matrinxãs foram isolados em aquário contendo um espelho, e após o início do confronto agressivo, foram feitas três adições (uma a cada treze minutos) de odor de coespecífico (n=21), dos seguintes tratamentos: AP; EC; Mac; vencedor Venc; perdedor – Perd; isolado – Isol. Analisamos as respostas comportamentais de alarme como, a atividade de locomoção (Exp. 1 e 2), tempo que o peixe permaneceu longe do espelho e, também, comportamentos agressivos no Experimento 2. Como indicadores de estresse utilizamos cortisol e glicose. O extrato provocou respostas comportamentais de alarme em ambos os experimentos, mostrando ser um odor artificialmente muito concentrado, provocando resposta de alarme em qualquer contexto. Já no tratamento Mac houve respostas de alarme no Experimento 1. No entanto, no Experimento 2 houve aumento progressivo da agressividade, sendo possível que nesse contexto o odor de um peixe machucado pode ser interpretado como sinal de que o indivíduo está vencendo a luta. Cortisol e glicose plasmáticos não foram alterados por nenhum dos tratamentos, indicando que os tratamentos não foram distúrbios suficientes para promover respostas de estresse. Para futuras intervenções nas pisciculturas ainda são necessários mais trabalhos básicos desse tipo de comunicação influenciando nos comportamentos dos peixes. |
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