Entre Verdugos e Sedutores: Modernidade e (Des) Mascaramento na Prosa de Hilda Hilst

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Zago, Carlos Eduardo dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153100
Resumo: Partindo da constatação de que a crítica especializada sobre Hilda Hilst pouco fala a respeito das características históricas, sociais e políticas de sua obra, este trabalho procura desenvolver uma leitura interpretativa, mais marcadamente materialista, de parte de sua literatura, contando, para isso, com perspectivas ensaísticas sobre o Brasil e com a teoria crítica, sobretudo ligada ao pensamento de Walter Benjamin. O primeiro capítulo destina-se a aproximar e comentar os vários textos publicados sobre os diversos gêneros em que a autora escreveu. Após traçar as diferentes perspectivas críticas, segue, na segunda parte, a leitura interpretativa da peça teatral O verdugo (1969), cujo foco é posto em seu caráter alegórico, tendo em vista que é com o seu teatro que temas ligados ao nosso inconcluso processo de modernização começam a se configurar mais sistematicamente: a permanência de relações arcaicas no presente, a mistura das instâncias pública e privada, a relativização do sujeito e a força subjugadora do capital. O trabalho continua com o tracejo de um panorama da prosa ficcional de Hilda Hilst, estendido de 1970 à década de 1990, quando passa a publicar sua irônica obra pornográfica. Recursos de sua dramaturgia são incorporados em seus textos futuros, como a metalinguagem, a forma alegórica e dialógica, o rompimento das estreitas barreiras entre os gêneros e a crítica à nossa modernização desigual e processual. Sendo assim, o romance Cartas de um sedutor (1991) parece ponto convergente da linguagem e das artimanhas literárias da autora. Sua apropriação de recursos teatrais é analisada comparativamente com procedimentos de O verdugo, sobretudo no quarto capítulo, em que se busca entender o movimento dos disfarces, chave formal da peça de 1969 - postos potencialmente no jogo cênico e nas diluições das práxis e discursos dos personagens, possibilitadas pelas influências e subornos do capital – ao mascaramento da consciência organizadora do romance de 1991. O último capítulo também é destinado às Cartas de um sedutor, em que se analisa a posição do intelectual em meio às generalizações da mercadoria, a construção paródica, a aproximação de um dos enunciadores do romance com os narradores em primeira pessoa, autoenvenenados, da tradição da literatura brasileira, e o choque entre forma literária e o conteúdo pornográfico da indústria cultural. O trabalho, portanto, procura investigar, sobretudo, a forma alegórica, juntamente aos recursos teatrais, da prosa de Hilda Hilst, capaz de formalizar nossa modernidade de fachada, simulada.