Informação e suicídio: análise da memória discursiva em jornal online da cidade de Marília-SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Farias, Mary Elizabeth Sampaio de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/210979
Resumo: O suicídio é um assunto delicado e que apresenta diferentes pontos de vista em relação às variadas áreas de conhecimento. Logo, é um assunto que pode e deve fazer parte do interesse da Ciência da Informação. Nessa perspectiva, a problemática deste estudo girou em torno da memória discursiva sobre o tema suicídio. O objetivo geral foi analisar discursivamente a memória sobre o suicídio presente no texto de um jornal online na cidade de Marília e nos comentários dos leitores em sua página do Facebook. Quanto ao referencial teórico, foi realizado um levantamento bibliográfico orientada para a busca de um conhecimento sobre o conceito de memória coletiva, abordagens sobre suicídio e informação, e também foi efetuada uma busca na Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) e na Web of Science (Clarivate Analytics). Quanto à análise, para a seleção do corpus foi realizada uma pesquisa exploratória, com busca de notícias sobre suicídio, e foram selecionadas quatro notícias, três do ano de 2019, e uma, no ano de 2021, de um jornal online de Marília, e os respectivos comentários de leitores. A forma de análise dos resultados foi via Análise do Discurso voltada para memória discursiva presente no corpus selecionado. Os principais resultados apontam que o discurso do jornal contribuiu para estigmatização do suicídio, notado no uso de expressões provenientes da memória discursiva religiosa, no uso do sensacionalismo no texto, divulgação de imagem e local, com a não observância das diretrizes da cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria para abordagem do tema. Contudo, o jornal atuou positivamente quando divulgou a informação sobre grupos de apoio ao suicídio. Já a memória discursiva nos comentários dos leitores, essa é associada à memória religiosa com uso de estigmas, tabus e preconceitos com o suicídio e o suicida. Portanto, os leitores se apropriam da informação, com base na memória, a partir de sua cultura, religião, posição social e histórica, demonstrando em seus comentários uma compreensão parcial, porém é possível notar que essa apropriação dos leitores pode ser ampliada com a busca de informação sobre o tema no campo da saúde e mudança de seus próprios conhecimentos. A análise discursiva demonstrou que o jornal e o leitor constroem implicitamente um discurso de atribuição de culpa pelo suicídio, apoiada na memória discursiva, como uma ação ou omissão de agentes que contribuíram para o desfecho. A falta de se falar mais sobre tema e também de se questionar antigas tradições e religiões que culpam o suicida, prejudicam o entendimento sob a luz da atualidade, permanecendo uma memória discursiva de ideias pré-concebidas sobre o suicídio. Finalmente, é importante ressaltar que essa pesquisa espera contribuir para se discutir a importância de mais estudos sobre o suicídio na área da Ciência da Informação para entender como as informações sobre suicídio circulam em uma sociedade e são apropriadas pelas pessoas, podendo atuar na prevenção deste.