Segmentações não convencionais no EF II: há regularidades linguísticas em dados frequentes?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Borsato, Ana Carolina Teodoro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/242903
Resumo: Nesta dissertação, analisamos as chamadas segmentações não convencionais de palavra, que podem ser de três tipos: as hipossegmentações, que ocorrem quando estão ausentes as fronteiras gráficas entre palavras, como em “porisso” e “oque”; as hipersegmentações, quando estão presentes fronteiras gráficas dentro de uma palavra ortográfica, como em “que ria” e “morava-mos”; e os híbridos, que se caracterizam pela ocorrência simultânea de dois tipos de segmentação não convencional de palavras (hipossegmentação e hipersegmentação) em uma sequência de duas palavras, como em “po risso” e “dere pente”. As grafias aqui analisadas foram identificadas em um conjunto de textos escritos por alunos do Ensino Fundamental II (EF II), categorizados, de uma perspectiva estatística, como outliers, segundo Fiel (2018), por produzirem uma alta quantidade de hipossegmentações em relação aos demais sujeitos do Banco de Dados de Escrita do EF II. Nesta dissertação, selecionamos para análise as segmentações não convencionais desses alunos, as quais não foram analisadas por Fiel (2018), com o objetivo central de caracterizar essas grafias quanto aos aspectos prosódicos dos enunciados falados. Para alcançar esse objetivo, nos baseamos na Fonologia Prosódica, de Nespor e Vogel (1996), que concebe a existência de sete constituintes prosódicos que estruturam os enunciados das línguas do mundo, e na abordagem da escrita como constituída de modo heterogêneo, proposta por Corrêa (2004). Dos resultados obtidos na análise, constatamos que informações linguísticas de natureza prosódica e da própria convenção ortográfica estão envolvidas nas ocorrência de um limite não convencional, o que corrobora estudos anteriores sobre o mesmo tema. Avançamos ao mostrar que as características das grafias dos sujeitos denominados outliers vão ao encontro do que é descrito para os demais sujeitos do Banco de Dados de Escrita do EF II. Identificamos um sujeito que, apesar de se diferenciar das tendências gerais encontradas, possui características dos primeiros anos de escolarização ao apresentar, em algumas circunstâncias, recursos gráficos que demarcam palavras como formas de destacar sentidos privilegiados do texto e de informações linguísticas que permeiam as regularidades observadas. Em suma, os dados de segmentação não convencional de palavra fornecem evidências gerais e particulares a respeito da noção de palavra escrita mobilizada pelos escreventes, evidenciando as marcas de trânsito do escrevente por práticas de uso da linguagem, oral/falada e letrada/escrita, em que se inserem (CORRÊA, 2004).