Nós e a gente mora aqui: um estudo da produção linguística, crenças e atitudes sociolinguísticas em Monte Azul Paulista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Peluco, Larissa Campoi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237210
Resumo: Este trabalho estuda a alternância pronominal e a concordância verbal de 1ª pessoa do plural em Monte Azul Paulista- SP. Para tal, foram escolhidos dois bairros com características distintas. Um é o Itamaraty, com moradores de maior poder socioeconômico, o outro é o São Francisco, com moradores de menor poder aquisitivo. Interessou-nos investigar se essas diferenças refletiriam na produção linguística desses locais. Para isso, foi construída uma amostra de entrevistas sociolinguísticas com 28 informantes, 16 do São Francisco e 12 do Itamaraty, de diferentes faixas etárias, divididos entre homens e mulheres, com níveis de escolaridade distintos. Além da produção, também nos interessou as crenças e as atitudes sociolinguísticas que os alunos moradores do bairro São Francisco possuem a respeito das formas aqui estudadas. A partir disso, na produção, verificou-se que, em ambos os bairros, o uso da variante a gente + 3PS foi maior nos dois locais, tanto no Itamaraty (91%), como no São Francisco (69%), o que indica que essa forma não é avaliada negativamente. A ocorrência de nós+ 1PP no bairro Itamaraty foi de 9%, enquanto, no São Francisco, a ocorrência dessa forma foi de 20%. A ocorrência de nós + 3PS foi produzida apenas por moradores do bairro São Francisco (11%). Compreendemos então, que os dois bairros mostram uma tendência ao uso da variante a gente+ 3PS, em todos os contextos analisados, seja linguístico ou extralinguístico. A forma nós+ 1PP é favorecida pela 3ª faixa etária (60 anos ou mais) no bairro São Francisco. Quanto à relação dessa forma com o fator escolaridade, seu uso tem maior proporção conforme se avançam os anos de estudo. Já a variante nós+ 3PS é favorecida por moradores menos escolarizados e, também, da 3ª faixa etária. Para os fatores linguísticos, os contextos de saliência esdrúxula e verbos no pretérito imperfeito favorecem o uso das formas a gente+ 3PS e nós+ 3PS, visto que os falantes tendem a evitar o uso de proparoxítonas. Contextos de saliência máxima e verbos no pretérito perfeito são favorecedores da variante nós+ 1PP. Para o teste de crenças e atitudes sociolinguísticas, obtivemos a participação de 25 alunos, que cursavam o 9º ano do Ensino Fundamental. O teste de crenças mostrou que os alunos acreditam que a língua escrita é mais correta que a falada e que, para escrever bem, é necessário conhecer as regras gramaticais. 76% reconhecem que falam de um jeito mais descontraído quando estão com pessoas com quem possuem intimidade. 60% dos alunos acreditam que as pessoas de seu bairro falam errado e 64% dos alunos acham que exista uma forma correta de falar. Em relação às atitudes sociolinguísticas, percebemos que a variante a gente + 3PS não é avaliada negativamente, pois os alunos reconhecem seu uso em contextos formais e informais. Já os usos de nós + 3PS e a gente + 1PP foram relacionados a pessoas sem escolaridade. Quando os alunos foram perguntados sobre qual forma usariam para fatos já terminados e que acontecem todos os dias, o nós + 1PP foi favorecido por contextos com verbo no pretérito perfeito (53%), enquanto o a gente + 3PS emergiria preferencialmente em contextos com verbos no presente (50%).