Influência da deficiência hídrica na brotação de laranjeira 'Valência' infectada por Candidatus Liberibacter asiaticus e na aquisição da bactéria por Diaphorina citri

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Carvalho, Waleska Soares Gomes de
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Estresse hídrico; Condições ambientais; Citrus; Floema
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/217876

RESUMO – O Huanglongbing (HLB) é a doença mais devastadora dos citros. Está associada a bactérias de floema (Candidatus Liberibacter asiaticus, CLas) transmitidas por insetos (Diaphorina citri). Levantamentos anuais têm mostrado que a doença ocorre de forma irregular nas diferentes regiões do estado de São Paulo, com maiores incidências nas regiões centro-leste do que nas regiões norte, noroeste, sul e sudoeste. As causas podem estar no clima com impactos em todo o patossistema. Já foi comprovado que a temperatura afeta a planta, o patógeno e o inseto vetor. Neste trabalho procurou-se quantificar o impacto do déficit hídrico (DH). O estudo foi conduzido com mudas de 4 anos de laranjeira ‘Valência’ sobre o porta-enxerto citrumelo ‘Swingle’ em casa de vegetação e sala com fotoperíodo controlado no campus da UNESP-Jaboticabal (Capítulo 2) e plantas da mesma combinação copa/porta-enxerto, com 8 anos, em pomar no município de Bebedouro (Capítulo 3). Quantificou-se o impacto do DH na brotação de plantas sadias e doentes, na multiplicação e aquisição de CLas por D. citri. Em casa de vegetação e sala as plantas foram mantidas com substrato totalmente saturado de água (sem DH), e com quantidade de água de irrigação suficiente para manter as plantas com peso total dos vasos equivalentes a 75% (DH intermediário) e 55% (DH severo) do peso das plantas sem DH. Foi quantificado o tempo necessário para surgimento e desenvolvimento dos brotos até sua completa maturação, título de CLas, e aquisição de CLas por adultos de D. citri após confinamento de adultos por 72 h. O surgimento dos brotos foi mais rápido e o tempo de maturação menor no período de temperaturas mais elevadas (julho a setembro) do que de temperaturas mais baixas (abril a junho), em ambos os ambientes. O DH não afetou o tamanho final dos brotos, que foi menor em plantas doentes, e o título de CLas nos brotos e nos insetos. Porém, o DH afetou a aquisição da bactéria. As porcentagens de insetos com CLas variou de 9,84% em plantas sob DH intermediário, 15,38% em plantas sob DH severo e 36,36% em plantas sem DH. No campo, o trabalho foi conduzido em setembro a outubro de 2020, período em que as plantas estavam sob severo DH (folhas murchas) (etapa 1), e de setembro a novembro, quando surgiram as primeiras chuvas (etapa 2), com quatro plantas por tratamento. Na etapa 1, metade das plantas foram mantidas com DH e a outra metade irrigada sob a copa com uma lâmina de 68 mm de água. Na etapa 2 as plantas foram mantidas sem irrigação com a quebra do DH proporcionado pelas chuvas. Foram quantificados a emissão e crescimento dos brotos e título bacteriano antes e após a ‘quebra’ do DH pela irrigação ou chuvas. A irrigação recuperou a turgidez das folhas das plantas sintomáticas, mas não das assintomáticas. Somente as sintomáticas emitiram brotos. No entanto, com a chegada das chuvas no mês de outubro (de aproximadamente 80 mm), 49 dias após o início do experimento, todas as plantas brotaram. A irrigação e chuvas provocaram redução tanto na incidência de brotos com CLas como no título bacteriano – de log 6 a 7 por g de tecido nas plantas sob severo DH para log 3 a 4 após irrigação ou chuvas. Conclui-se que as menores incidências de HLB nas regiões norte e noroeste do estado de São Paulo podem ser o resultado, ao menos parcial, da menor taxa de aquisição de CLas por D. citri antes e depois da quebra do DH, muito comum naquelas regiões.