Embriologia de Nymphaea L. (Nymphaeales - Nymphaeaceae): implicações para a evolução inicial das angiospermas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pereira Junior, Eduardo João [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/137821
Resumo: Compreender a diversidade das Nymphaeales, considerado como o segundo ramo da filogenia das angiospermas, é de considerável interesse como modelo da evolução inicial das angiospermas. Este trabalho objetivou investigar a ontogenia da antera, dos óvulos e sementes em espécies de Nymphaea. Ovários e sementes de N. amazonum Mart. & Zucc. subsp. amazonum, N. caerulea Savigny e N. lotus L. e, anteras de N. amazonum Mart. & Zucc. subsp. amazonum e N. caerulea Savigny, em diversos estádios de desenvolvimento, foram fixados, infiltrados em historesina e as secções obtidas com 1-4 µm foram coradas com azul-de-toluidina O ou submetidas a testes histoquímicos. O desenvolvimento da parede do androsporângio é do tipo básico. Após a meiose, a citocinese simultânea dá origem a tétrades tetraédricas de andrósporos nas quais já são detectáveis a intina e a primexina, há um atraso na liberação dos andrósporos das tétrades em N. caerulea. A partir do estádio de andrósporos livres observa-se uma abertura anelar equatorial e, no estádio de andrósporos vacuolados observa-se o ‘pollenkitt’ na superfície da esporoderme. A mitose do andrósporo ocorre perpendicularmente à esporoderme e, a intina se espessa, principalmente abaixo da abertura, onde há a contribuição da endexina para a formação do oncus. O tapete de N. amazonum e N. caerulea é secretor e não apresenta ciclos invasivo como relatado para N. colorata. O tipo básico de desenvolvimento do androsporângio também foi relatado para Amborella trichopoda, Nuphar pumila e para as duas espécies de Nymphaea estudadas, o que sugere ser um padrão comum no grado ANA. Dentro das angiospermas basais os caracteres referentes à ontogenia da antera se mostraram lábeis, sobretudo quanto ao tipo de tapete, à geometria e à dissociação das tétrades e à deposição de ‘pollenkitt’. Nos estádios iniciais da formação do ginosporângio em N. caerulea e N. lotus, apenas uma em até 3 iniciais subepidérmicas passa pelos eventos que levam a formação do arquespório e da célula parietal, sendo que apenas uma destas células chega a se diferenciar em célula-mãe dos ginósporos (CMG). Nymphaea amazonum eventualmente apresenta duas CMG, embora nunca tenham sido observados óvulos com dois ginófitos. Os óvulos das três espécies são trizonados, crassinucelados, bitegumentados, anátropos e a micrópila é endostômica. Todas as espécies apresentam uma zona citoplasmática densa na CMG que é tenuemente positiva para DNA, além de organelas DAPI-positivas dispersas pelo citoplasma. A meiose origina uma tríade linear na qual apenas o ginósporo calazal prossegue seu desenvolvimento, embora as tétrades lineares predominem, tríades lineares foram observadas em várias espécies o que leva a crer que esta organização dos ginósporos evoluiu diversas vezes dentro do grado ANA. No estádio de ginósporo binuclear observou-se a migração conjunta dos núcleos em direção ao polo micropilar do ginófito, o que traz algumas implicações à conceituação de módulo básico de desenvolvimento do ginófito presente na literatura. Contudo, a presença do ginófito do tipo Nuphar/Schisandra em N. amazonum, N. caerulea e N. lotus, conjuntamente com as implicações levantadas pelo conflito interparental e o aumento no valor adaptativo do endosperma triploide para as angiospermas corroboram a plesiomorfia deste tipo de ginófito. O desenvolvimento do endosperma em Nymphaea é ab initio celular, e a primeira divisão da célula endospérmica primária estabelece os domínios micropilar e calazal do endosperma, sendo que o padrão de divisões iniciais do endosperma variou para cada uma das espécies. As paredes periclinais internas e parte das anticlinais das células da porção micropilar da epiderme nucelar apresentaram espessamentos positivos para celulose em todas as espécies e, em N. amazonum também houve a deposição de calose, o que pode indicar que consistem em células de transferência. Na semente madura o endosperma é restrito a uma camada celular que envolve o embrião, este último é composto por um epicótilo com dois primórdios foliares assimétricos de filotaxia decussada em relação aos dois cotilédones. Os cotilédones são hemisféricos e envolvem completamente o epicótilo. Acima da radícula, o cilindro procambial se ramifica para suprir cada um dos órgãos apendiculares. Tanto as células embrionárias (sobretudo as cotiledonares) como as endospérmicas exibem amiloplastos e inclusões de natureza glicoproteica (provavelmente grânulos de aleurona), o que favorece a teoria sobre a homologia entre o embrião e o endosperma em Nymphaea.