O erótico-sublime em Cantares de Hilda Hilst

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Okuda, Karen Mayuri [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214402
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo demonstrar como a manifestação do erotismo, do amor e do sublime se dão em Cantares, de Hilda Hilst. A obra toma como referência para seu título o “Cântico dos Cânticos”, atribuído ao Rei Salomão. No entanto, diferente dos cantares bíblicos, os Cantares de Hilda Hilst lamentam a ausência do ser amado e vivem a angústia da impossibilidade de realização amorosa que delineia a atmosfera de sua poética, afastando-se da correspondência que tanto deseja o eu lírico, o que revela, assim, um amor sempre “de partida”. Para o estudo das particularidades que compõem a obra, esta pesquisa considera três principais elementos: os aspectos da lírica moderna que rondam a obra Cantares, a dicção sublime e o erotismo. Inicialmente, considera-se a relação de Cantares com elementos tradicionalmente relacionados à lírica moderna. Para tal, tomam-se como base as ideias traçadas por Hugo Friedrich (1978), que considera a linguagem da lírica moderna relacionada a uma forma negativa de transcendência, entrevista em elementos como o vazio, a dissonância, o silêncio e o encontro com o desconhecido, que são particularidades que se apresentam em Cantares e delineiam a sua linguagem que busca sempre pela expressão máxima da palavra. Num segundo momento, busca-se investigar o desenvolvimento da estética do sublime nos poema de Cantares, sobretudo no que se refere à composição de imagens que expressem a dimensão da grandeza, como a luminescência que ofusca a visão, a experiência do homem com a divindade, a violência do tempo sob a condição efêmera da existência do homem e, principalmente, a transcendência pela experiência do corpo, em que, por meio do êxtase, o eu lírico ultrapassa o limite do corpo, tomando este como um meio para a transcendência. Para isso, tomamos como referências a tradição do pensamento sobre o sublime, atentando-se ao que é postulado por Longino, Victor Hugo, Burke, Kant e Schopenhauer. Por fim, propõe-se a discussão do amor e do erotismo sob a perspectiva de George Bataille (2017) e Octávio Paz (1994), dialogando com os elementos sagrado e profano, e com a busca pela continuidade na experiência com o ser amado. Propõe-se, também, a discussão do mito do Andrógino, apresentado por Platão, sendo o amor e o erotismo a força máxima da expressão poética de Hilda Hilst e o ímpeto para a busca incansável pela parte que falta. Essa é a tônica da poética de Hilda Hilst que alimenta os seus poemas: a ânsia pelo que se ausenta, seja a palavra, o corpo, ou o mistério da face de Deus.