Modos de funcionamento da linguagem na criança com Transtorno do Espetro Autista: um olhar dialógico-discursivo e multimodal para os dados de uma criança entre 5 e 6;8 anos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Canonico, Silvia Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243331
Resumo: O quadro de características, relacionado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), descreve algumas alterações que influenciam qualitativamente nos domínios da comunicação/interação social e do padrão de comportamento. No âmbito da comunicação, especialmente, encontram se crianças com diferentes níveis de desenvolvimento linguístico, desde aquelas que se expressam por uma linguagem bem formulada, até as que apresentam singularidades mais expressivas, manifestando-se por ecolalia, ou situando-se no que é caracterizado como mutismo, ou seja, ausência de linguagem (APA, 2014; SCHMIDT, 2017). Tendo em vista essa última condição, isto é, de crianças que apresentam dificuldades mais expressivas na manifestação da linguagem, é que se inscreve esse trabalho. Sendo assim, tem-se por objetivo, olhar para os dados de Gu (5 a 6;8 anos), uma criança autista que se expressa por vocalizações, balbucios e gestos, para analisar os modos de funcionamento de sua linguagem durante a interação dialógica. Partindo do princípio de que a criança está na linguagem e comunica-se por seus atos, meios gestuais e produção vocal, observa-se quais recursos multimodais ela mobiliza durante a interação, na qual se destacam também o papel do adulto e do contexto nesse processo. Para tanto, fundamentamo-nos em uma abordagem dialógico-discursiva e multimodal (DEL RÉ; DE PAULA; MENDONÇA, 2014 a e b; DEL RÉ; HILÁRIO; VIEIRA, 2021), de base bakhtiniana (BAKHTIN, 2011; VOLÓCHINOV, 2017), pela qual investigamos a constituição de aspectos como dialogismo, alteridade, discursividade, interação e responsividade na comunicação dessa criança. Interessa-nos observar, em conjunto a essas noções, os recursos multimodais como gestos, produção vocal e direcionamento do olhar, partes de uma mesma matriz de produção cognitiva (MCNEILL, 1985, 2000, 2006; KENDON, 1988, 1996, 2000, 2016; CAVALCANTE, 2008; ÁVILA-NÓBREGA, 2010), que emergem em cenas de Atenção Conjunta (TOMASELLO, 2019). Esta última premissa, que compreende a sincronia entre criança, adulto e um objeto ou tópico de atenção, será observada, principalmente, consoante o viés dado por Ávila Nóbrega (2017), ao entender que, na dinâmica da comunicação, essas relações envolvem um Engajamento Conjunto, construído colaborativamente entre os parceiros da interação. Ademais, por essas ações ocorrerem em cenas do cotidiano familiar, assumem importância as noções sobre formatos – atividades rotinizadas, cuja composição mais estabilizada fornece regularidades para a compreensão e desenvolvimento da linguagem (BRUNER, 1984, 1997, 2007). Metodologicamente, esta pesquisa configura-se como um estudo de caso, de cunho qualitativo e longitudinal, cujo corpus é composto por gravações de vídeo, realizadas bimestralmente, em situações de interação familiar. Os resultados de nossas análises demonstram que as ações comunicativas da criança precisam ser interpretadas a partir de uma mescla de componentes multimodais, formando um envelope multimodal (ÁVILA NÓBREGA, 2010), e que sua participação no processo dialógico se faz por ações responsivas que demonstram sua inserção na linguagem.