Arte e política: carnavalização na imprensa de resistência dos anos de chumbo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bedê, Luiza [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190679
Resumo: Entre os anos de 1954 a 1990, em diversos países da América Latina foram instaurados regimes ditatoriais de cunho militar, em que o controle da liberdade de expressão era um dos alvos principais para a manutenção do estado totalitário. Algumas das práticas e táticas implantadas para combater os posicionamentos contrários aos regimes eram o exílio e a censura. No entanto, contrariando as medidas impostas pelos militares, muitos resistiram e se dedicaram à divulgação das atrocidades cometidas pelos estados autoritários. Assim, propõe-se, nesta pesquisa, a análise de enunciados visuais e verbo-visuais encontrados na imprensa de resistência que circularam no Brasil no período da ditadura militar (1964-1985) e em jornais produzidos por brasileiros exilados no Chile com o intuito de compreender a elaboração da resistência por meio da carnavalização. O corpus da pesquisa é composto pelos periódicos alternativos Pif-paf (1964-1965) e Ex- (1973-1975), pelos jornais clandestinos Venceremos (1971) e Avante (1970) e pelo jornal Frente brasileño de informaciones (1968-1973) publicado por exilados brasileiros no Chile. A base teórica para esta pesquisa é a dos estudos do Círculo de Bakhtin (especialmente de Mikhail Bakhtin, Pável Medviédev e Valentin Volochínov). A compreensão do enunciado concreto, que se constrói para uma reação de resposta, como materialização dos valores ideológicos dos participantes da comunicação, será de grande importância no desenvolvimento desta pesquisa. No corpus analisado, os enunciados respondem e resistem, por meio da carnavalização, a um discurso autoritário. Destacamos os gêneros fotomontagem e charge como relevantes para refletirmos sobre o uso da carnavalização para a produção da resistência nos periódicos. Percebemos que o modo como eles são constituídos varia de acordo com o meio de circulação desses textos. As estratégias realizadas para exercer a resistência são distintas nos periódicos porque elas são elaboradas por diferentes esferas, que possuem articulações específicas de criação ideológica. Assim, há uma predominância da esfera política nos periódicos clandestinos e no produzido no exílio. Já na imprensa alternativa, há uma proeminência da esfera da arte. Essas especificidades nos apontaram para a reflexão sobre esferas de atividades e o modo como os enunciados analisados as refratam, ora modulando a forma como certos gêneros são construídos, ora impossibilitando a presença deles em determinados periódicos.