Anatomia caulinar de Zanthoxylum rhoifolium Lam. (Rutaceae) e Moquiniastrum polymorphum (Less.) G. Sancho (Asteraceae) que ocorrem em Cerrado e Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Nascimento, Marcela Blagitz Ferraz do [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/148945
Resumo: Avaliar a estrutura anatômica de plantas que crescem em diferentes ambientes é uma maneira de compreender como as plantas se adaptam às variações destes ambientes. Algumas destas adaptações influenciam no transporte de água e de fotoassimilados, na proteção dos tecidos internos, na força mecânica e na capacidade de armazenamento dos tecidos, que são funções associadas ao caule das plantas. Assim, neste trabalho, avaliamos a estrutura caulinar de duas espécies, Moquiniastrum polymorphum e Zanthoxylum rhoifolium que ocorrem simultaneamente em diferentes tipos vegetacionais: o cerrado sensu stricto, o cerradão, a floresta estacional semidecídua e a floresta ombrófila densa. Os três primeiros tipos vegetacionais têm um período de seca durante o ano, enquanto que na floresta ombrófila densa o regime pluviométrico é relativamente constante ao longo do ano. Os solos de cada local apresentam diferentes propriedades físicas e químicas e no cerrado sensu stricto o fogo é um fator ambiental que pode ocorrer naturalmente. Estes fatores podem influenciar a estrutura anatômica dos tecidos vegetais. Para a descrição anatômica coletamos amostras do caule (a 1,30 m do solo) contendo xilema secundário e casca, pelo método não destrutivo, de cinco indivíduos de cada tipo vegetacional, que foram processadas conforme técnicas usuais em anatomia da madeira. Para verificar as diferenças entre os tipos vegetacionais, nós comparamos as características anatômicas por meio de uma análise de variância. Em uma segunda abordagem dos dados, utilizando somente as características quantitativas do sistema vascular, xilema e floema secundários, realizamos uma análise componentes principais, para agrupar os indivíduos estudados e avaliar a similaridade entre os ambientes. Considerando o sistema vascular, em Z. rhoifolium, encontramos, no xilema, menor diâmetro de vasos e maior espessura da parede das fibras nos tipos vegetacionais onde há seca sazonal. Onde a disponibilidade de água é constante ao longo do ano, encontramos maior diâmetro de vasos e de tubos crivados. Isto indica que as células condutoras e de suporte nesta espécie parecem contribuir com a segurança do transporte de água onde há seca sazonal, e com a eficiência do transporte de água e de fotoassimilados onde a disponibilidade hídrica é constante. Em M. polymorphum, encontramos maior espessura da parede das fibras do xilema e maior altura e largura dos raios do xilema e do floema onde há seca sazonal. Estas características podem estar relacionadas à segurança do transporte de água durante os períodos de menor disponibilidade hídrica. Assim, verificamos que as espécies apresentam respostas distintas dos tipos celulares do sistema vascular conforme a disponibilidade de água dos ambientes, indicando adaptações particulares de cada espécie, no entanto, ambas parecem apresentar características que contribuem com a segurança do transporte de água onde há seca sazonal e eficiência no transporte onde o regime pluviométrico é relativamente constante ao longo do ano. Com a análise de agrupamento foi possível agrupar os indivíduos dos tipos vegetacionais com seca sazonal, indicando similaridade entre eles; e separá-los dos indivíduos do tipo vegetacional com regime pluviométrico constante. Com isso, as características do solo e o regime pluviométrico dos locais, que refletem na disponibilidade de água para as plantas, são fatores que parecem influenciar no agrupamento e separação dos indivíduos entre os tipos vegetacionais. Quanto a região mais externa do caule, não observamos diferenças nos aspectos morfológicos e anatômicos qualitativos do sistema de revestimento entre indivíduos dos tipos vegetacionais, portanto podem apresentar valor taxonômico. O local de origem da primeira periderme, no floema secundário em M. polymorphum reflete em casca sulcadas e com aspecto frouxo, enquanto que a origem das camadas subepidérmicas em Z. rhoifolium reflete em um aspecto mais uniforme e suave da casca. Nos indivíduos de M. polymorphum de todos os tipos vegetacionais, há formação de um ritidoma, enquanto que em Z. rhoifolium, a maioria dos indivíduos apresentou uma periderme e eventualmente, houve o desenvolvimento de um ritidoma em alguns indivíduos do cerrado sensu stricto e da floresta ombrófila densa. As menores larguras de periderme ou ritidoma nos indivíduos do cerrado sensu stricto e cerradão em Z. rhoifolium, e a não variação da largura do ritidoma em M. polymorphum não evidenciam relação entre maior largura dos tecidos de revestimento e proteção contra o fogo no cerrado sensu stricto. No entanto, a menor largura de periderme/ritidoma em Z. rhoifolium nos tipos vegetacionais com seca sazonal pode ser adaptativa a estes ambientes, pois facilita a entrada de luz e a ocorrência da fotossíntese caulinar, que por sua vez, utiliza menor quantidade de água para a produção de fotoassimilados.