Efeitos dos betas-bloqueadores na sepse em camundongos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Katiussia Pinho da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193052
Resumo: Introdução: Sepse é uma das mais antigas síndromes reconhecidas na história da medicina. Atualmente, é descrita como uma resposta inflamatória sistêmica desregulada do hospedeiro à infecção que ocasiona diversos comprometimentos orgânicos. Neste sentindo, a disfunção cardíaca é uma das características comum entre os pacientes sépticos e contribui para a taxa de mortalidade associada à sepse. Dados recentes mostraram que a hiporesponsividade cardíaca na sepse está relacionada à internalização dos β-adrenoceptores (β-ARs) (Dal Secco, D., et al., 2017). Interessantemente, tem sido apontado o benefício hemodinâmico com a utilização do esmolol (β-bloqueador) na sepse. É sabido que os β-bloqueadores apresentam um perfil farmacológico distinto entre eles, especialmente no que diz respeito à atividade simpatomimética intrínseca. Ou seja, alguns β-bloqueadores agem como agonistas parciais nos β-ARs e portanto, promovem certo grau de inotropismo positivo. Considerando a associação da disfunção cardíaca na sepse com a internalização dos β-ARs, esta tese tem como racional farmacológico que os β-bloqueadores com atividade simpatomimética intrínseca (eficácias) variando de “zero” (propranolol, bisoprolol) a “moderado” (carvedilol<alprenolol<bucindolol) melhorem a função cardíaca e a resposta inflamatória por prevenir por competição a internalização dos β-ARs, e além disso garantam algum grau de contratilidade cardíaca. Objetivo: Investigar os efeitos do tratamento com -bloqueadores de diferentes eficácias em camundongos sépticos.Método: A sepse foi induzida em camundongos C57BL/6 machos (8 semanas) por ligação e punção cecal, seguida de tratamento com propranolol, bisoprolol, carvedilol, alprenolol ou bucindolol em doses escolhidas com base na constante de dissociação (KD) e meia-vida de cada droga. As drogas foram administradas por via intra-peritoneal após a cirurgia, durante a fase hiperdinâmica da sepse. Após 24 h de indução da sepse, os camundongos foram utilizados nos seguintes experimentos: a) Ensaio com radioligante [H3] CGP-12177 para estimar a densidade dos receptores β-ARs no coração; b) RT-qPCR, para avaliar a transcricão gênica; c) Ensaio de contração in vitro para avaliar a frequência cardíaca (FC); d) Teste imunoenzimático para quantificar os níveis séricos , cardíacos e em cultura isolada de macrófagos de troponina-I, IL-1β e TNF; e) bacteremia; f) avaliação in vivo da hemodinâmica basal e da resposividade à isoprenalina; g) avaliação da curva de sobrevivência. Resultados: Houve redução na densidade dos β-ARs na superfície celular cardíca e do RNA m para os β1-ARs em camundongos sépticos. Entretanto, a redução da densidade dos β-ARs observada na sepse foi prevenida pelos tratamentos com propranolol, bisoprolol, alprenolol, mas não pelo carvedilol ou bucindolol. Interessantemente, foi observado aumento do transcrito do RNAm que codifica o 1-AR no coração de camundongos sépticos tratados com propranolol, bisoprolol, carvedilol ou bucindolol. Mais ainda, a reatividade do coração camundongos sépticos à isoprenalina foi severamente comprometida, mas os. tratamentos com propranolol e alprenolol reverteram parcialmente a reatividade. Adicionalmente, os camundongos sépticos apresentaram altos níveis de troponina-I, IL- 1β e TNF. O tratamento com todos os β-bloqueadores reduziu os níveis séricos e local tanto de IL-1β quanto de TNF, bem como em cultura isolada de macrófagos. Entretanto, somente os tratamentos de camundongos sépticos com propranolol ou alprenolol reduziram os níveis plasmáticos de troponina-I. Além disso, o propranolol reduziu a bacteremia, embora não tenha efeito microbicida. Camundongos sépticos apresentaram hipotensão e bradicardia e os tratamentos destes animais com propranolol, bisoprolol ou alprenolol preveniram parcialmente tanto a hipotensão quanto a bradicardia, bem como resturaram o efeito cronotrópico da isoprenalina. Mais ainda, estes tratamentos aumentaram a sobrevida dos camundongos sépticos. Conclusão: A presente tese apresenta os fundamentos farmacológicos para uma nova abordagem no tratamento da sepse, uma vez que β-bloqueadores com eficácia zero (propranolol e bisoprolol) e com atividade simpatomimética intrínseca moderada (alprenolol) melhoraram a resposividade cardíaca ex-vivo e in-vivo, reduziram a resposta inflamatória sistêmica e local (no tecido cardíaco), diminuiram a lesão cardíaca e aumentaram a taxa de sobrevivência na sepse.