Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Rocha, Michele Saionara Aparecida Lopes de Lima [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/244150
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Resumo: |
Monteiro Lobato, por meio de correspondências, relatou a amigos que estava descontente com a literatura infantil do Brasil no início do século XX, indicando que gostaria de escrevê-la de maneira que houvesse maior aproximação dos livros com a realidade dos pequenos leitores. Esse desejo foi colocado em prática e o autor produziu uma importante literatura infantil no decorrer de sua vida. A jornada, que começou de maneira branda, paulatinamente se expandiu para todos os cantos do Brasil e depois adquiriu novos horizontes na Argentina, quando Lobato traduziu e adaptou várias de suas histórias para o espanhol. Ao todo foram publicados 24 de seus livros infantis da saga do Sítio do Picapau Amarelo nesse idioma, além do lançamento de alguns livros inéditos, entre os quais encontramos La Nueva Argentina que aborda questões sobre o peronismo. Seus livros tiveram sucesso na língua estrangeira e foram comercializados em outros países da América Hispânica. Entre essas produções, em especial, o livro com fábulas chamou nossa atenção pelo fato de o próprio autor ter revelado em carta a seu amigo Rangel que teria realizado um trabalho de adaptação diferenciado ao revisá-lo para a escrita em espanhol. A partir disso, desenvolvemos este estudo problematizando quais critérios adaptativos foram adotados por Lobato para que Las viejas fábulas contemplasse suas preocupações para com as obras infantis também entre os leitores hispano-americanos. Para respondermos a essa indagação, traçamos como propósitos os objetivos de analisar o livro Las viejas fábulas de maneira comparada com seu livro originário, Fábulas, de modo a verificarmos que elementos adaptativos relacionados à linguagem e à cultura foram contemplados na tradução da obra para o espanhol e identificar alguns leitores estrangeiros que teriam sido cativados pelas escritas do autor, buscando compreender que marcas afetivas poderiam ter sido deixadas neles pelos escritos lobatianos. A partir de uma abordagem qualitativa que contemplou referenciais bibliográficos e documentos, buscamos respaldo para nos dedicar ao tema. Também nos embasamos no método comparativo para “ressaltar as diferenças e similaridades” (GIL, 2008) e no paradigma indiciário de Ginzburg (1989) como proposta de realizar os procedimentos interpretativos por meio de indícios pouco perceptíveis em uma análise menos detalhada. O estudo tem como resultados três principais apontamentos: o primeiro, refere-se às indicações de que os livros de Lobato circularam e circulam em diversos países da América Latina que têm o espanhol como língua oficial, o que demonstra a boa aceitação dos escritos fora do Brasil; o segundo, apresenta alguns registros de depoimentos espontâneos de leitores, os “hijos de Lobato”, os quais carregam marcas significativas e afetivas da literatura do autor da infância à idade adulta; e, o terceiro, indica que Las viejas fábulas apresenta alguns elementos da língua, da natureza e da cultura que foram articulados para que o livro proporcionasse proximidades com o contexto dos leitores de língua espanhola por meio de adaptações como uma proposta de tradução domesticadora (VENUTI, 1995), além também de apresentar elementos brasileiros, indicados com notas explicativas como uma proposta de tradução estrangeirizadora (VENUTI, 1995). As adaptações promovidas pelo autor nos revelam que o texto possibilitou o encontro de elementos culturais de países diferentes, originando uma produção hibrida. Com essa proposta de escrita, Lobato atraiu os pequenos leitores estrangeiros, não se limitando apenas aos argentinos, mas também aos de outros países hispano-americanos. |