Construções parentéticas epistêmicas do português brasileiro em perspectiva pancrônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Barbosa, Letícia de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244153
Resumo: Nesta tese, investigam-se, na história do português brasileiro (PB), construções parentéticas epistêmicas (CPE) de base nominal, adjetival e verbal, originadas de esquemas de subordinação em que construções de mesma base funcionam como matrizes de orações subordinadas. Assumindose os pressupostos teórico-metodológicos da abordagem construcional da mudança (GOLDBERG, 2006; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013; BYBEE, 2016), parte-se da hipótese de que as CPE, uma vez submetidas a processo de construcionalização gramatical, se consolidam na rede de construções epistêmicas do PB como um novo esquema construcional, via mudanças construcionais. Sob tal hipótese, constituem objetivos desta pesquisa: (i) com base em aspectos de forma e de significado, investigar a evolução e a consolidação das CPE ao longo de diferentes sincronias do PB; (ii) considerando-se as mudanças diacrônicas que as CPE experimentam, propor, como parte de uma rede mais ampla de construções epistêmicas, uma rede taxinômica das CPE do PB contemporâneo, avaliando seu grau de produtividade, esquematicidade e composicionalidade. Metodologicamente, a análise de dados empíricos se assenta em córpus constituído de cartas escritas por missivistas brasileiros entre os séculos XVIII e XX, complementado por textos de cartas e crônicas publicadas. Para o século XXI, utilizam-se, além de revistas brasileiras online, amostras de fala de uma variedade do PB (GONÇALVES, 2007). Os resultados de análises da forma das CPE permitem constatar: (i) dois subesquemas, um com presença do complementizador que e/ou de cópula, e outro, mais abstrato, que não os apresenta em sua composição; (ii) a manifestação de pronome de primeira pessoa anteposto ou posposto em CPE de base verbal, um indicador de mudanças construcionais; (iii) a tendência de ocorrerem mais em posição medial, sobretudo a partir do século XX, quando se consolida seu estatuto adverbial. No tocante aos parâmetros de significado/função, considerando o processo de (inter)subjetivização interveniente na consolidação do estatuto adverbial das CPE, constata-se: (i) seu alcance na focalização da informação modalizada; (ii) redução de seu escopo, quando o julgamento epistêmico passa a incidir apenas sobre parte do enunciado modalizado; (iii) a abstratização de significado atestada pela variabilidade tempo-modo dos enunciados que se associam às CPE e, por consequência, gera o aumento gradual de sua frequência ao longo das sincronias; (iv) a confirmação de que o grau de certeza epistêmica (alto ou baixo) está correlacionado a tipos específicos de CPE, com as de base verbal sendo mais propícias a expressar baixo grau de certeza, e as de base adjetival e nominal, alto grau de certeza (GONÇALVES; DALL’AGLIO-HATTNHER; SOUSA, 2016), e (v) os efeitos pragmáticos que as CPE exibem como resultado da mudança. Do mapeamento diacrônico das CPE, alcança-se o esquema parentético modal [([COP]) ([EU]) [PRED] ([EU]) ([que])]CPE, presente já no século XVIII, e ao qual se ligam os Subesquemas [([EU]) [PRED]V ([EU]) ([que])], [[é] [PRED]N] e [([é]) [PRED]ADJ], que se consolidam gradativamente ao longo das quatro sincronias investigadas. Conclui-se desses resultados que, por meio de mudanças construcionais, as CPE se consolidam como um novo nó na rede construções epistêmicas, tendo experimentado aumento de esquematicidade e produtividade, já que o sistema do PB contemporâneo dispõe de três subesquemas parentéticos que, juntos, sancionam vinte e cinco microconstruções de tipos variados.