Construções modalizadoras epistêmicas asseverativas com “real” e “real oficial”: Uma proposta de rede construcional a partir da Linguística Funcional Centrada no Uso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Barbosa, Leila da Silva lattes
Orientador(a): Cunha Lacerda, Patrícia Fabiane Amaral da lattes
Banca de defesa: Oliveira, Mariângela Rios de lattes, Almeida, Sandra Aparecida Faria de lattes, Wiedemer, Marcos Luiz lattes, Rocha, Luiz Fernando Matos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11780
Resumo: Neste trabalho, dedicamo-nos à investigação de construções constituídas por “real” e “real oficial” que se instanciam e se convencionalizam em contexto de modalização epistêmica asseverativa, tais como: “problema real oficial”, “comi real”, “bonitinho real” e “funciona mesmo real oficial”. Assumimos, para tanto, os pressupostos em que se baseia a Linguística Funcional Centrada no Uso (BYBEE, 2010; MARTELOTTA, 2011; FURTADO DA CUNHA et al., 2013; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013; ROSÁRIO; OLIVEIRA, 2016; BISPO; SILVA, 2016), abordagem funcionalista que concebe a língua como um inventário de construções organizadas em rede de maneira hierárquica. Dessa forma, nossos objetivos são: (i) descrever os padrões dessas construções modalizadoras, no corpus analisado, a fim de identificar os três níveis de esquematicidade propostos por Traugott e Trousdale (2013) — esquema, subesquema e microconstrução — e (ii) propor uma rede construcional que relacione as construções analisadas de maneira hierárquica. Nesse sentido, realizamos uma análise sincrônica das ocorrências, tomando como base dados extraídos de vídeos do YouTube datados entre 2017 e 2020. Nossa análise se realiza a partir do equacionamento entre a análise qualitativa dos dados e o cálculo da frequência de uso (CUNHA LACERDA, 2016). Além disso, para a análise qualitativa dos dados acerca do escopo da modalização, contamos com o recurso do software Praat no que se refere à prosódia. Entendemos que o traço prosódico de break, pequena pausa, colabora com a identificação do escopo da modalização presente nas construções analisadas, revelando o modo como essas construções se organizam. Os resultados apontam que (a) “real” e “real oficial”, em contexto de modalização epistêmica asseverativa, cumprem novos propósitos comunicativos na língua que diferem do uso de “real” como adjetivo e que (b) os usos das construções modalizadoras com “real” e “real oficial” constituem um pareamento forma-função na língua. Nesse sentido, o esquema mais abstrato revela um posicionamento do falante, com atitude modalizadora, constituído por “real” e “real oficial”. Em um nível menos hierárquico na rede, observam-se quatro subesquemas. As construções modalizadoras apresentam-se de forma mais integrada ao escopo da modalização nos três primeiros subesquemas, o que é percebido pela ausência de break entre os elementos constituintes das construções sob análise. Em contrapartida, no quarto subesquema, “real” e “real oficial” organizam-se de forma menos interligada, apresentando essa pequena pausa entre o escopo da modalização – a sentença – e as construções analisadas. Além disso, construções com “real oficial” mostram-se mais intersubjetivas se comparadas às de “real”, revelando uma maior preocupação com o interlocutor no processo de interação.