Tecnologia social PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável): uma alternativa para a promoção de avanços dentro da perspectiva da agroecologia? as experiências vivenciadas no território rural Prof. Cory/Andradina (SP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Flaviana Cavalcanti da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/144500
Resumo: A busca de alternativas que contribuam para avanços no sentido da produção sustentável tem levado diferentes atores sociais a aderirem à Tecnologia Social PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), especialmente, com vistas à produção de alimentos saudáveis, que esta apregoa. Em função desta expectativa, as experiências vinculadas a Tecnologia Social PAIS se multiplicaram no país, com o marcante incentivo governamental. Em resposta à demanda apresentada por trabalhadoras assentadas do Território Rural Prof. Cory/Andradina (SP), que reivindicavam a viabilização de condições para a produção de alimentos saudáveis, a Fundação ITESP lançou mão de um Projeto destinado à implantação da Tecnologia Social PAIS, em dez assentamentos rurais deste Território. Esta pesquisa visou avaliar os impactos do referido Projeto na vida de famílias assentadas do Território e nos respectivos agroecossistemas, como alternativa tecnológica para promover avanços concernentes à perspectiva agroecológica. Adotou-se a hipótese central de que a Tecnologia Social PAIS apresenta-se como um instrumento frágil para promover avanços dentro da perspectiva da Agroecologia, uma vez que se baseia em um modelo pré-definido e não em proposta construída a partir de processos participativos, alicerçados no potencial endógeno das comunidades envolvidas. Neste estudo, privilegia-se a abordagem qualitativa, com base em uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo. Foram utilizados questionários, entrevistas semiestruturadas e observação simples não participante para pesquisar 28 famílias que integraram o projeto relativo à implantação da Tecnologia Social PAIS no referido Território e também todos os integrantes da equipe técnica da Fundação Itesp responsável pela intervenção. Na maioria das situações analisadas, a implantação e manutenção das áreas instaladas por meio do Projeto alinharam-se às experiências, conhecimentos e possibilidades dos produtores, o que implicou na não adoção de parte das orientações da Tecnologia Social relativas à infraestrutura das áreas. Quando o Projeto foi finalizado (2015), nenhuma das áreas apresentava a configuração original preconizada pela PAIS. A não instalação das áreas de acordo com o conjunto de orientações iniciais ou a não manutenção destas segundo o modelo original (o que prevaleceu), entre outras questões, se deve a não identificação dessa opção tecnológica com o contexto socioprodutivo e cultural das famílias pesquisadas, considerando-se que a PAIS não foi concebida para se ajustar às suas particularidades e desenvolvida com a sua participação. Os resultados verificados corroboram a hipótese formulada, entretanto, observaram-se implicações positivas da intervenção, mesmo com marcantes fragilidades relacionadas à temática agroecológica. Foram identificados efeitos coerentes com processos de transição agroecológica, resultantes, principalmente, do estímulo da intervenção à produção de alimentos sem o emprego de agroquímicos e com o melhor aproveitamento dos recursos endógenos. Contudo, ainda há muito a ser feito para que sejam observados avanços que efetivamente viabilizem a produção de alimentos saudáveis, demandada pelas trabalhadoras assentadas do Território, compreendendo-se que para isso são necessários esforços, de fato, norteados pelo Enfoque Agroecológico; com o desenvolvimento de ações que tenham uma abordagem flexível de construção dos processos e envolvam as múltiplas dimensões que compõem a perspectiva agroecológica. Sugere-se que novos esforços sejam empenhados nesse sentido, com a devida consideração às experiências, conhecimentos e expectativas dos principais sujeitos desse processo de mudança: os agricultores familiares.