Agroecologia – um território em construção: considerações acerca das experiências agroecológicas nos Assentamentos Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire no Município de Rio Bonito do Iguaçu/PR

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Carvalho, Lisane
Orientador(a): Rambo, Anelise Graciele lattes, Stoffel, Janete lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável
Departamento: Campus Laranjeiras do Sul
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/1652
Resumo: Nesse estudo buscamos tratar de processos de reterritorialização de camponeses assentados, desencadeados por práticas agroecológicas, no município de Rio Bonito do Iguaçu, Região Centro-Sul do estado do Paraná. Trata-se dos assentamentos Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire. Entendemos que a Revolução Verde e o processo de modernização da agricultura expropriaram os pequenos agricultores, desterritorializando-os. Já os assentamentos são representativos de um processo de reterritorialização destes camponeses. Entretanto, entendemos que esta reterritorialização deva perpassar mais as práticas agroecológicas e menos aquelas convencionais, pautadas nos ditames da modernização, uma vez que foram justamente estas que contribuíram para a expropriação dos camponeses. Para evidenciarmos os processos de reterritorialização dos camponeses, as transformações territoriais evidenciadas pela disseminação das práticas agroecológicas, os enfrentamentos e disputas ocasionadas, os limites e avanços da agroecologia, os fatores e os atores que contribuem para as estratégias de territorialização dos camponeses, a ponto de podermos verificar em que medida há um território da agroecologia em construção nos utilizamos do referencial teórico dos geógrafos Claude Raffestin, Marcos Aurelio Saquet, Bernardo Mançano Fernandes e Márcio Freitas Eduardo. Nessa perspectiva a territorialização implica no exercício de poder de diferentes atores sobre o espaço, bem como conflitos e disputas, sobretudo entre agroecologia e o pacote tecnológico disseminado desde a modernização da agricultura. Vem daí o problema a ser pesquisado: Como está se dando o processo de reterritorialização dos camponeses por meio da territorialização da agroecologia? Dessa forma procuramos descrever e analisar as experiências agroecológicas que vem sendo realizadas nos assentamentos mencionados, apontando seus avanços e desafios. Metodologicamente, trata-se de um estudo de caso, pautado na realização de entrevistas qualitativas semi-estruturadas, realizadas com 19 famílias assentadas que estão desenvolvendo práticas agroecológicas e 6 entidades/organizações representativas. Enquanto resultados, podemos aportar que a agroecologia se caracteriza num mecanismo de reterritorialização dos camponeses, possibilitando a permanência dos camponeses nos assentamentos, garantindo uma maior autonomia dos camponeses em relação aos condicionantes internos e externos. Além de identificarmos que há um território da agroecologia em construção, quando os assentados criam novas formas de organização do trabalho, quando lutam por política públicas diferenciada, quando lutam pela criação de cooperativas de produção e comercialização, por moradia, saúde, educação e pela garantia da renda. Porém, podemos observar que ainda há muitos desafios a serem superados, tais como, obtenção da certificação; ampliação de canais de comercialização; melhoria das barreiras vegetais e ampliação da consciência socioambiental da maioria das famílias assentadas que utilizam o modelo de produção da Revolução Verde.