Petrocronologia de granulitos e migmatito de temperatura ultra-alta da nappe Guaxupé nas regiões de Caconde e São José do Rio Pardo (SE, Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Otavio Sant' Anna Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237534
Resumo: Granulitos e migmatitos são rochas metamórficas de alto grau, formadas em contextos geológicos diversos, como zonas de convergência de placas tectônicas, rifts continentais, hot- spots e zonas adjacentes a grandes intrusões graníticas profundas. Desvendar o registro metamórfico (trajetórias P-T-t) destas rochas é fundamental para a compreensão de processos geodinâmicos relacionados a formação, evolução e exumação de orógenos. A nappe Socorro- Guaxupé corresponde a uma unidade tectono-estratigráfica neoproterozoica, localizada na porção sul do Orógeno Brasília Meridional (SE, Brasil), que hospeda uma ampla variedade de rochas ígneas (granitoides e rochas da série charnockítica) e metamórficas de alto grau (granulitos e migmatitos diversos). Sua gênese remonta aos estágios de convergência entre os paleocrátons São Francisco e Paranapanema, durante a amalgamação do Gondwana Ocidental, no Neoproterozoico. Estudos recentes apontam que as rochas da nappe Guaxupé (bloco setentrional da nappe Socorro-Guaxupé) foram submetidas a um metamorfismo de temperatura ultra-alta (UHTM; i.e., T ≥ 900 °C) durante a evolução do orógeno. No entanto, a maioria destes estudos foram empreendidos nos segmentos mais basais da nappe e, por isso, o metamorfismo nos demais níveis crustais carece de mais detalhamento. Além disso, até o momento, não há consenso sobre quando foi iniciado o UHTM nem sobre o modelo geotectônico que melhor explica como tais temperaturas extremas foram atingidas. Neste trabalho, é definida uma trajetória metamórfica P-T-t horaria a partir da investigação de granulitos com dois piroxênios (hornblenda granulito máfico e pargasita granulito félsico) e migmatito metapelítico (biotita- granada migmatito com sillimanita e feldspato potássico) das regiões de São José do Rio Pardo e Caconde (segmento centro-noroeste da nappe Guaxupé) utilizando (i) mapas composicionais e de temperatura, (ii) modelagem de equilíbrio de fases, (iii) geotermometria de elementos traço (Zr-no-rutilo e Ti-no-quartzo) e (iv) geocronologia U-Th-PT em monazita. As paragêneses de pico metamórfico correspondem a Opx + Cpx + Amp + Pl ± Ilm nos granulitos e Grt + Qz + Pl + Rt no migmatito metapelítico; demais fases como quartzo e feldspato potássico no granulito félsico e sillimanita, biotita, feldspato potássico e ilmenita no migmatito metapelítico correspondem a associações retrometamórficas. Nas amostras, predominam as texturas indicativas de retrometamorfismo, tais como uralitização dos piroxênios, substituição da ilmenita por magnetita, substituição da granada por biotita, intercrescimento de sillimanita + quartzo (± biotita) a partir de feldspato potássico e granada e substituição de rutilo por ilmenita. A condição P-T de pico metamórfico (aproximadamente 975-1030 °C e 9,0-9,5 kb) foi determinada com base na sobreposição dos campos de estabilidade interpretado para as paragêneses de pico das amostras e no cruzamento das isopletas de Al (iv) em orto e clinopiroxênio e Ti em anfibólio do granulito máfico. Após o pico metamórfico, é interpretado que o sistema foi submetido a sutil descompressão, seguida de resfriamento quase-isobárico até atingir condições de fácies anfibolito, em aproximadamente 750 °C e 7,0 kb. Idades próximas ao pico metamórfico, de ca. 642 ± 22 a 638 ± 19 Ma, são indicadas por núcleos de monazitas com alto Y. Já a idade do resfriamento, de ca. 627 ± 6, Ma foi inferida utilizando a média das idades obtidas em domínio com baixo-Y/alto-Th. O registro metamórfico levantado nestas rochas sugere que as condições de temperatura ultra-alta foram alcançadas provavelmente em regime de colisão continental, no qual foi edificado um Extenso Orógeno Quente (LHO: Large Hot Orogen). Neste contexto, a nappe Socorro-Guaxupé teria sido sobreaquecida quase- homogeneamente no núcleo do orógeno por conta principalmente de calor radioativo (decaimento de U, Th e K) advindo de material migmatítito remobilizado e sua exumação (junto aos demais compartimentos tectônicos do Orógeno Brasília Meridional) teria ocorrido somente após seu resfriamento até condições de fácies anfibolito.