Geocronologia e geotermometria das unidades intermediárias da Nappe de Passos (MG) e suas implicações tectônicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Clemence Junior, George William
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244268
Resumo: O Orógeno Brasília, formado durante a colisão continental que consolidou o supercontinente Gondwana no Neoproterozoico, exibe atualmente as raízes de um antigo orógeno de grandes proporções, comparáveis aos Himalaias. Na sua porção meridional, onde está localizada a Nappe de Passos, há um sistema de nappes que possui vergência para leste. Historicamente, as rochas dessa nappe foram interpretadas como pertencentes ao Grupo Araxá, representando uma sequência plataformal depositada na margem oeste do Cráton São Francisco. A Nappe de Passos é composta por metassedimentos de baixo a alto grau metamórfico com intercalação de rochas máficas e quartzito. Essas rochas são divididas em nove unidades litoestratigráficas, da base ao topo, em Unidade A à Unidade I. O pico metamórfico para essas rochas ocorreu entre 640 e 630 Ma, evidenciado pela cristalização de monazita em leucossoma. O retrometamorfismo ocorreu em torno de 600 Ma, com uma segunda fase de crescimento de monazita, que foi seguido por resfriamento final entre 570 e 580 Ma, representado por datação em mica branca e rutilo. A sequência da Nappe de Passos é interpretada como contínua, mas ocorrências de eclogito associados granulito de alta pressão podem indicar descontinuidades. Com o objetivo de estudar a possibilidade de descontinuidades ao longo da Nappe de Passos, foram utilizados métodos geocronológicos e termométricos em rochas posicionadas tectonoestratigraficamente acima e abaixo das ocorrências de retroeclogito, localizadas na interface entre as Unidades E, F e G. As idades médias U-Th-PbT das unidades intermediárias da Nappe de Passos indicam o crescimento de monazita entre 640 e 604 Ma para a Unidade E, 628 a 621 Ma para a Unidade F, e 658 a 608 Ma para a Unidade G. As idades U-Pb em rutilo variam de acordo com a textura: cristais da matriz possuem idade de 602 Ma, relacionados à exumação e resfriamento, enquanto os inclusos em granada possuem idade de 627 Ma, relacionados à cristalização do rutilo. O geotermômetro Zr-em-rutilo indica temperaturas entre 638 e 667ºC para a Unidade E, 665ºC para a Unidade F e 673 a 709ºC para a Unidade G. O aumento gradual da temperatura, da base para o topo das unidades, evidencia a inversão do gradiente metamórfico. Devido à ampla variação das idades em monazita, tanto na matriz (682 a 567 Ma) quanto nos inclusos (670 a 557 Ma), foram criados gráficos de Estimativa de Densidade por Kernel (KDE), que indicam picos em 625 Ma e 605 Ma. Essas idades são semelhantes às obtidas para o pico metamórfico e o retrometamorfismo, respectivamente. Com base nas idades de monazita e rutilo, foi possível subdividir os dados geocronológicos em três estágios metamórficos: inicial (acima de 640 Ma), pico metamórfico (entre 640 e 625 Ma) e exumação/transporte (idades abaixo de 625 Ma). A associação dos dados geocronológicos e de temperatura indica que descontinuidades metamórficas são improváveis na Nappe de Passos, pois não há saltos significativos de idade ou temperatura ao longo da sequência estudada.