Governo, educação e inclusão: uma genealogia do reconhecimento à sombra de Foucault

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Almeida, Jonas Rangel de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204330
Resumo: O objetivo é discutir os desafios educacionais gerados pelas lutas por reconhecimento e inclusão mediante uma visão genealógica da formação do sujeito. Partindo do diagnóstico foucaultiano de predomínio das racionalidades de governo neoliberal e da importância crescente das teorias do reconhecimento para se compreender as políticas de diferença nas sociedades multiculturais procura-se refletir acerca do alcance dessas lutas atuais. Afinal, podem resistir aos poderes, gerar novas solidariedades e outros modos de existência? Será que essas lutas se restringem aos limites estatais e são plenamente compatíveis com o imperativo neoliberal do empresário de si mesmo? Quais relações e impactos possuem sobre a formação humana, as escolas e as universidades? No Brasil, esse debate vem crescendo desde o início da década de 1990, por ocasião da elaboração das primeiras políticas de inclusão para pessoas deficientes, passando pelas políticas sócio-econômicas, chegando até as recentes políticas públicas de acesso ao ensino superior. Com a finalidade de clarificar esse campo de batalha analisam-se duas das principais vertentes atuais do discurso de reconhecimento: a primeira expressa nos pensamentos de Charles Taylor e Axel Honneth, na qual os conflitos morais da modernidade são perspectivados como busca por reconhecimento intersubjetivo e autorrealização individual; e, a segunda, pressuposta na filosofia social de Judith Butler que empreende uma verdadeira genealogia crítica das normas que garantem o reconhecimento no jogo de sujeição social e psíquica. Da primeira, desprende-se uma noção representacional de sujeito ligado à ideia de dignidade e respeito; da segunda, um sujeito de desejo de reconhecimento e que inexiste fora do campo simbólico e social de produção das normas. Portanto, oscila-se entre a liberdade social e a sujeição. Porém, ambas as perspectivas demonstram imaturidade no que diz respeito à contingência do acontecimento, posto que procurem se fundamentar, ora, sob um ideal antropológico, ora, na ideia transcendental de desejo. Para responder a esse problema, adota-se como ferramenta a história crítica da subjetividade proposta por Foucault, para quem, os processos de subjetivação ocorrem graças às problematizações junto aos dispositivos e técnicas que interpelam os seres humanos a se reconhecerem como sujeitos. Desse modo, investiga-se a recorrência da noção de reconhecimento em Foucault como um dispositivo de formação dos sujeitos: primeiro com a emergência do corpo humano como lócus do poder sobre a vida servindo de condição para estabelecer nas práticas divisoras relações entre a normalização e as resistências; segundo, uma genealogia que toma como fio condutor as técnicas de si mostrando como moldaram historicamente a noção do sujeito de desejo.