Perspectivas dos Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e de seus cuidadores frente ao uso da Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bueno, Giovanna Hass [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/148829
Resumo: Introdução: A Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP) é um tratamento utilizado para pacientes com DPOC grave. O tratamento apresenta inúmeras vantagens, como o aumento da capacidade funcional, melhoras nos sintomas, mas os usuários também reconhecem que há desvantagens no uso deste. Identificam-se alguns problemas, como barreiras físicas e psicossociais e desafios emocionais. Muitas vezes os usuários necessitam de auxílios para desenvolver atividades cotidianas, precisando de cuidados de parentes e amigos, exercendo o cuidado informal. É fundamental que a equipe tenha conhecimento das mudanças na vida do paciente e de seus cuidadores, dos enfrentamentos dos desafios com a terapia, de forma a otimizar o cuidado, fazendo as adaptações necessárias a eles e com a equipe, proporcionando qualidade de vida para ambos. Também é essencial reconhecer as vantagens que a terapia causa tanto para o usuário tanto para o cuidador, fortalecendo o uso da ODP e incentivando os cuidadores nas tarefas prestadas ao paciente. Objetivo: Conhecer a visão dos pacientes com diagnóstico de DPOC sobre o uso da ODP e de seus cuidadores sobre o cuidado com um paciente em uso da ODP. Método: Trata-se de estudo de caráter qualitativo. Foram entrevistados 14 pacientes com seus respectivos cuidadores, atendidos no Ambulatório de Oxigenoterapia do Hospital das Clínicas de Botucatu, da Faculdade de Medicina de Botucatu com diagnóstico de DPOC durante o segundo semestre de 2015. Foi utilizada para os pacientes uma entrevista semi-estruturada, com as seguintes questões norteadoras: “O que significa para você usar o Oxigênio?”, “O que mudou em sua vida depois que você começou a usar a ODP?”, “O que mudou na vida das pessoas que convivem com você em sua casa depois de começar a usar ODP?” e “ você tem atividade de lazer?” . Para os cuidadores, foi utilizada também uma entrevista semi-estruturada, com as seguintes questões norteadoras: “O que significa para você cuidar de uma pessoa que depende do uso da ODP?”, “O que mudou em sua vida depois que você começou a cuidar desse usuário?”, “O que mudou na vida das pessoas que convivem com você depois que começou a cuidar?” e “você tem atividade de lazer?”. Foi aplicada também a escala Caregiver Burden scale (CB scale), para medir o impacto subjetivo das doenças crônicas na vida dos cuidadores. As entrevistas foram avaliadas pela “Análise do Conteúdo de Bardin” e a CS scale foi analisada através do cálculo da média aritmética dos escores atribuídos aos 22 itens. Resultados: Os pacientes tinham idade média de 73 + 10,4anos, sendo 6 do sexo feminino, 1 analfabeto e 13 com escolaridade inferior ao ensino médio. Todos ex tabagistas, fumava em média 25 + 15,9 cigarros ao dia. O tempo médio de uso de O2 foi 3,5 ±2,0 anos, a média diária de horas de uso foi 18,8 ± 4,6. Das falas surgiram quatro categorias: Fortalezas da terapia: melhora nos sintomas, da qualidade de vida e do aspecto emocional. Desafios da terapia: isolamento social, dificuldade no envolvimento emocional, piora no autocuidado, funcionalidade do concentrador O2 e acessórios e aspectos econômicos. Alterações emocionais, sociais, da vida cotidiana e econômicas na vida do usuário: processo de adaptação com dificuldades de aceitação, mudança na autoestima e da personalidade e mudança das atividades de lazer. Alterações na relação familiar do usuário: isolamento social do cuidador, envolvimento emocional dos familiares e comprometimento do cuidador. Os cuidadores tinham idade média de 63 +11 anos, sendo 11 do sexo feminino e todos alfabetizados. O tempo médio de cuidado diário prestado foi de 19 + 8,2 horas, e a média em anos dedicados ao cuidado foi 2,7 + 2, apenas 1 cuidador tinha o trabalho remunerado, e 2 tiveram seu estado de saúde piorado depois que passaram a ser cuidador. A categoria mais sobrecarregada da CB scale foi o ambiente, seguido da decepção, tensão geral, envolvimento emocional, e por último isolamento. Das falas surgiram quatro categorias: Fortalezas do cuidador: melhora do estado geral e da capacidade funcional do usuário, facilidades no manuseio do equipamento e importância do aspecto emocional do cuidador. Desafios do cuidador: envolvimento emocional, capacidade funcional do cuidador, mudança na vida cotidiana, funcionalidade do concentrador O2 e acessórios, aspecto econômico, aspectos da personalidade do usuário. Alterações emocionais, sociais, da vida cotidiana e econômicas na vida do cuidador: isolamento social, envolvimento emocional, autonomia, aspectos da personalidade do cuidador, alteração na vida cotidiana, sexualidade, autoestima, atividades de lazer. Alterações na relação familiar do cuidador: aspecto da personalidade, estrutura familiar. Conclusão: Diante desse estudo, são nítidas as mudanças no cotidiano e do comportamento dos usuários e de seus cuidadores. Frente a isso, é fundamental que a equipe esteja preparada para fornecer educação adequada a eles, para otimizar a utilização e o cuidado, diminuindo medo e barreiras com o tratamento.