Resumo: |
A pesquisa aqui apresentada consiste no desdobramento da investigação de iniciação científica realizada durante o ano de 2016, cujo o propósito foi mapear os papéis de poder desempenhados por mulheres afro-religiosas de uma determinada família espiritual. Referente ao percurso atual, nosso objetivo prioritário foi cartografar atravessamentos de gêneros e sexualidades que compõem os processos de subjetivação de mulheres consagradas a Iemanjá. Tivemos, ainda, a pretensão de averiguar questões pertinentes às práticas corporais vivenciadas nas festas e demais liturgias do grupo. Ao total, foram entrevistadas quatro mulheres candomblecistas consagradas a divindade acima citada. As entrevistas foram organizadas por um roteiro composto por cinco grandes eixos temáticos. Como ferramenta ética e metodológica, utilizamos a cartografia aplicada à psicologia social. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas. Assim sendo, foi possível realizar o manejo cartográfico com o material coletado, de maneira a propor diálogos entre a teoria e as experiências relatadas pelas mulheres. Nossa bibliografia básica contemplou, principalmente, estudos que versam sobre o culto às/aos orixás no Brasil e questões de gêneros e sexualidades. Ademais, nos propomos a experimentar conceitos trabalhados por Michael Foucault, na fase de sua obra conhecida como Genealogia da Ética. Sobre as discussões resultantes dessa trajetória, apontamos para o fato de que deusa fornece modelos de identificação, especialmente no que condiz às performances de feminilidades. As participantes da pesquisa tomam a divindade como recurso subjetivo, de maneira que acreditam desempenhar com maior êxito certos papéis que lhes são socialmente impostos. Dentre as temáticas por elas levantadas, se destacaram o cuidado e a maternidade. |
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