A expressão dos valores 'antepresente' e 'passado absoluto' no espanhol: um olhar atento a variedades diatópicas da Argentina e da Espanha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Araújo, Leandro Silveira de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150649
Resumo: Este trabalho visa à descrição da expressão do antepresente (AP – Este año se han tirado trescientos millones de litros de agroquímicos) e do passado absoluto (PA - El Ministerio de Seguridad difundió ayer la identidad de las víctimas) em Madri, Buenos Aires e San Miguel de Tucumán. O interesse decorre da variação observada entre as formas do pretérito perfecto compuesto (PPC – han tirado) e simple (PPS – difundió) na expressão desses sentidos e das descrições ainda limitadas, que proporcionam um conhecimento incipiente sobre o uso do PPC e do PPS expressando tais valores nas regiões noroeste e bonaerense da Argentina e na região denominada castelhana da Península. Em complemento, o estudo diacrônico dessas formas indica a existência de um processo de mudança que opera sobre a forma composta – originalmente marcada por valores aspectuais (resultado/continuidade) –, transformando-a em uma construção temporal que expressa valor de anterioridade à fala, isto é, antepresente e, mais adiante, passado absoluto. Consequentemente, a mudança no PPC ocasionou um rearranjo no uso do PPS. A fim de proceder ao estudo desse comportamento heterogêneo do pretérito perfecto, valemo-nos do referencial teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista e da Gramaticalização, isso para identificar o encaixamento dessa variação nas três variedades diatópicas e avaliar se os estados descritos em cada uma delas correspondem a diferentes estágios de mudança. Nossa análise de dados pautou-se em um corpus constituído por enunciados pertencentes a entrevistas radiofônicas das três variedades, pois esse gênero discursivo propicia um contexto adequado para a recorrência desses valores, além de resgatar uma fala mais espontânea. Finalmente, procedemos a uma análise multivariada que, com auxílio do Goldvarb Yosemite, indicou, por meio de dados estatísticos, fatores que ajudam a explicar o encaixamento dessa variação nas variedades diatópicas da língua. Os resultados finais apontam um uso mais recorrente da forma composta em Madri, variedade que é seguida por San Miguel de Tucumán e, mais distante, por Buenos Aires. Em especial, Madri apresenta um uso categórico do PPC no âmbito de AP e um pequeno uso dessa forma no PA. San Miguel de Tucumán aponta um percentual ligeiramente maior que Madri no uso do PPC no PA, porém apresenta um uso bastante variável do PPC e do PPS no AP, aumentando o percentual da forma composta, conforme se amplia a referência temporal de AP. Comportamento que também se observa em Buenos Aires. Contudo, a exceção dessa última variedade reside no uso categórico do PPS no AP imediato e no menor percentual de PPC no PA. Documentamos também um uso do PPC marcado pelos valores de resultado, continuidade e passado genérico nas variedades argentinas. Como conclusão, demonstramos que (i) conforme a variedade diatópica, PPS/PPC estão em variação em um ou mais âmbitos temporais; (ii) o tipo/abrangência da referência temporal é um fator determinante no comportamento do PPS/PPC; (iii) o estado de uso do PPS/PPC em cada variedade corresponde a diferentes estágios de gramaticalização das formas do pretérito perfecto no espanhol e, finalmente, (iv) que há uma limitação entre a literatura existente e o uso que efetivamente observamos nessas variedades.