O bestiário humano: a ironia en A república do corvos de José Cardoso Pires

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Hoffmann, Rachel [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/94186
Resumo: Este trabalho objetiva estudar a ironia e procedimentos correlatos em cinco contos da coletânea A república dos corvos (1988), de José Cardoso Pires. Para isso, são utilizados os apontamentos de teóricos como Linda Hutcheon (1988, 2000), Brait (1996), Hodgart (1969), Propp (1992), Bergson (2004) e Pirandello (1996). As considerações de Hutcheon (1988, 2000) e Brait (1996) são especialmente importantes pelo fato de focalizarem a ironia como um procedimento polifônico e dialógico, tendo em vista que, ao mesmo tempo em que produz o entrecruzar de diversas vozes, exige uma interação entre leitor e texto. A visão das autoras suscita o estudo de outros recursos aliados à ironia, tais como a paródia, a sátira, a caricatura, o humor e o cômico, observados em todos os contos do corpus, com intensidades diferentes, o que gera significados distintos na análise dos textos como um todo. De modo mais particularizado, a presença da ironia e da sátira nos contos “A república dos corvos” e “O pássaro das vozes” propicia a problematização de aspectos da identidade portuguesa, seja por meio do questionamento à tradição, no primeiro conto, seja em função do processo de colonização, no segundo. O uso da paródia e de um certo humor negro nos contos “As baratas” e “Lulu” realiza uma crítica indireta a momentos significativos da história portuguesa contemporânea. Já o cômico e a caricatura em “Ascensão e queda dos porcos-voadores” têm o propósito de ridicularizar uma personagem representativa de uma ordem e um rigor que escondiam, na verdade, sua mediocridade. Por fim, conclui-se, neste estudo, que os diferentes recursos citados permitem visualizar, em determinados contos, uma crítica mais explícita e, em outros, mais indireta, efeitos que possibilitam releituras de aspectos da tradição, da história e da identidade portuguesas.