A violência contra a mulher na universidade: um estudo fenomenológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Benatti, Igor Felipe
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/252470
http://lattes.cnpq.br/0245349002828085
https://orcid.org/0000-0003-4093-7693
Resumo: Segundo a literatura científica, a alta recorrência da violência contra a mulher no Brasil é oriunda da cultura patriarcal ainda presente no país que enaltece os padrões de dominância masculina, culminando nas relações de poder entre homens e mulheres em diferentes contextos, incluindo o universitário. Considerando a relevância da problematização deste tema, o objetivo deste estudo é conhecer a violência contra a mulher no âmbito da universidade à luz da perspectiva heideggeriana, por meio da voz de gestores universitários para compreender as suas vivências e os seus significados atribuídos à violência contra a mulher na universidade e, a partir disso conhecer sugestões de ações, visando intensificar o enfrentamento deste fenômeno nesse espaço. A pesquisa é de cunho qualitativa e interpretativa que empregou a entrevista como instrumento de coleta com 7 pessoas em postos de gestão na FCLAr–UNESP. A aplicação do instrumento foi de maneira online por meio do Google Meet conforme a disponibilidade e a voluntariedade de cada participante. Os relatos obtidos na pesquisa foram analisados à luz da fenomenologia ontológica-hermenêutica de Heidegger que revelou a predominância das violências psicológica e moral nesse contexto, sendo manifestadas, em sua maioria, de maneira simbólica através da ausência do espaço de fala da mulher e pelo discurso machista que utiliza de justificativas relacionadas ao corpo, maternidade e sexualidade feminina para desqualificar a mulher e naturalizar as violências cometidas contra elas, também para manter os privilégios e a dominação masculina presente na universidade. Nesse recorte, o espaço universitário ainda é atravessado pelo machismo, misoginia, sexismo e preconceito, acometendo a mulher independentemente da idade, raça, classe social, nível acadêmico e cargo ou função exercida na universidade, mas com maior acometimento às alunas em razão da relação de poder preestabelecida. Com isso, desvela a importância da ouvidoria para auxiliar no combate do fenômeno apesar da necessidade de intensificar e otimizar a publicidade desse dispositivo ao longo do ano letivo. Ademais, considerou relevante a atuação conjunta da universidade com a Delegacia de Defesa e o Centro de Referência da Mulher para campanhas, debates e ações afirmativas com o intento de coibir qualquer tipo de violência e garantir o atendimento psicológico e a orientação jurídica à mulher violentada. Atrelado a isso, considerou-se importante o desenvolvimento de cartilhas informativas e afirmativas sobre o tema, o oferecimento de disciplinas optativas e o envolvimento dos centros acadêmicos compostos tanto por estudantes quanto docentes engajados com a temática, mas que vivem e conhecem a realidade do campus, de maneira a instruir a mulher nesse contexto e auxiliar a comunidade universitária na atenção, no acolhimento e no encaminhamento das vítimas de violência. Por fim, expressou-se a necessidade de acompanhar os processos administrativos da instituição sobre os casos de violência contra a mulher e denunciar o companheirismo institucional vigente e as sindicâncias compostas pela maioria homens para avaliar casos dessa natureza, mediante a urgência de romper com o silêncio da universidade e dar notoriedade aos casos de violências, pensando na coibição e na punição do agressor, pois, somente assim e junto com mais estudos sobre a temática, que caminharemos para a transformação da realidade feminina na universidade brasileira.