Desistindo da denúncia ao agressor: relato de mulheres vítimas da violência doméstica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Jong, Lin Chau
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-29042021-091902/
Resumo: O estudo tem por objetivo, conhecer e compreender a realidade vivenciada por mulheres vítimas de violência doméstica que se recusaram a dar continuidade ao processo de acusação contra o agressor. Dar seguimento a trabalho anterior sobre o tema, agora na perspectiva das mulheres. Para tanto, foi escolhida a abordagem fenomenológica para conduzir o estudo. Doze mulheres foram entrevistadas, norteadas por uma questão: \"Como foi a sua experiência de apresentar queixa contra o seu agressor e, posteriormente, desistir?\". As convergências das unidades de significado dos depoimentos foram categorizadas em três temas: 1. Denúncia e desistência, 2. Relacionamento com as pessoas e 3. Reflexão sobre a experiência vivida. As mulheres expõem sentimentos ambíguos em relação ao agressor: afetividade, raiva, humilhação, medo. Vários fatores levaram-nas a rever a denúncia, que vão do arrependimento e tentativas de conciliação do parceiro, à dependência financeira. Continuar o processo de denúncia surge como situação mais complexa e difícil, em relação à violência vivida. Quando recorrem à justiça, as mulheres esperam repressão do poder público ao comportamento do parceiro, ou sua punição. A desistência pode ser compreendida no contexto da reprodução da estrutura familiar tradicional: a mulher não consegue assumir sua autonomia como pessoa, por esta parecer fora de seu alcance. As noções de justiça e igualdade entre marido e mulher não aparecem claramente nos depoimentos. As mulheres evocam o direito ao respeito como pessoa humana e reconhecem que são dominadas e humilhadas. Estimular essas mulheres a se posicionarem na busca dos seus direitos pode ajudar a atenuar os efeitos perversos do fenômeno da violência doméstica.