Ensino de Física para alunos com deficiência visual: o processo de ensino-aprendizagem nos ambientes escolares das salas de aula regular e de recursos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Marcela Ribeiro da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138199
Resumo: É crescente o número de alunos com deficiência visual presentes nas escolas regulares e, consequentemente nas aulas de Física. Para atender às necessidades específicas deste alunado, em consonância com as políticas nacionais, no estado de São Paulo é ofertado, de forma complementar ao ensino regular, o atendimento pedagógico especializado (APE), feito preferencialmente em salas de recursos. Em linhas gerais, os estudantes com deficiência visual matriculados no Ensino Médio devem frequentar a sala de recursos em um período diverso daquele em que frequentam a sala de aula regular. Destarte, o processo de ensino-aprendizagem de tais alunos deve ocorrer nos dois ambientes supracitados. Diante disto, o objetivo desta pesquisa foi entender como ocorre, nos ambientes escolares das salas de aula regular e de recursos, o processo de ensino-aprendizagem de Física de uma aluna cega congênita matriculada no Ensino Médio da rede estadual paulista de ensino. Esta pesquisa se pautou no referencial metodológico qualitativo e teve como participantes: uma aluna cega matriculada no 2º. ano do Ensino Médio e que frequenta a sala de recursos, sua professora de Física e a professora da sala de recursos. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com os participantes e observações das aulas de Física e das atividades desenvolvidas na sala de recursos. Ademais, foi solicitado à professora deste último ambiente escolar que transcrevesse para o braille o enunciado em tinta de um exercício de Física. As transcrições das entrevistas foram analisadas à luz da análise de discurso de linha francesa, fundada por Michel Pêcheux, e que tem Eni Orlandi como principal precursora no Brasil. As observações foram tomadas como um referencial para compreensão do quadro contextual de onde emergiram os discursos. Os resultados indicam que o processo de ensino-aprendizagem da aluna tem se configurado de forma excludente, sendo demarcado pelos seguintes aspectos: ausência, nas aulas de Física, de estratégias e materiais didáticos acessíveis a alunos cegos e predominância do uso da linguagem de estrutura empírica audiovisual interdependente; inexistência de parcerias entre as docentes de Física e da sala de recursos; atendimento pedagógico especializado marcado menos por atividades complementares e mais pelo reforço escolar/atividades substitutivas ao ensino na sala de aula regular e; dificuldades/ausência de padrão concernentes à escrita em braille, tanto pela aluna quanto pela professora da sala de recursos, de equações e simbologias específicas da Física, que somadas à predominância, no contexto das aulas de Física, do uso da linguagem de estrutura empírica audiovisual interdependente têm desencadeado em dificuldades no processo de avaliação da aluna, principalmente no uso da prova escrita como instrumento de avaliação. Os resultados delineados não se restringem à situação estudada, pois a oferta e estruturação do atendimento pedagógico especializado em salas de recursos como apoio às atividades desenvolvidas na sala de aula regular é prevista pelas políticas públicas, de modo que no estado de São Paulo, alunos com deficiência visual matriculados no Ensino Médio e que frequentam a sala de recursos estão presentes em diversas escolas públicas.