Evolução tectono-sedimentar da Formação Araripina, Bacia do Araripe: registro dos esforços tectônicos atuantes durante o Albiano no Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Andrade, André Santiago Martins de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/182452
Resumo: O evento de ruptura do Gondwana no Cretáceo foi responsável pela reativação de estruturas do Pré-Cambriano e geração de diversas bacias interiores do tipo rifte no Nordeste do Brasil. Nesse contexto, a sucessão sedimentar da Bacia do Araripe registra as sequências pré-, sin- e pós-rifte formadas durante os distintos estágios tectono-sedimentares envolvidos na formação do Oceano Atlântico Sul. A Formação Araripina do Albiano Médio faz parte da sequência pós-rifte, é limitada na base por discordância litológica com rochas do embasamento ou por discordância angular com a Formação Romualdo, marinha. No topo, é limitada por discordância erosiva ou angular com os depósitos fluviais da Formação Exu. A Formação Araripina é composta principalmente de intercalações rítmicas de arenitos e lamitos, e a sucessão sedimentar é dividida em duas sequências deposicionais, SD1 e SD2, por uma superfície de truncamento regional. Sob essa superfície tectônica, em SD1, a associação de fácies mostra que a sedimentação foi em planícies intermediárias a distais de sistemas fluviais distributivos sujeitas a inundações episódicas associadas a canais efêmeros e à fluxos laminares, com evidências de complexos de splays terminais e laterais, pequenos lagos efêmeros e tectônica ativa. Acima da superfície, a SD2 apresenta menor evidência de tectonismo e de aporte sedimentar. O ambiente deposicional imediatamente após a superfície é compatível com depósitos de playa lake em diversos afloramentos estudados, provavelmente em resposta à atividade tectônica anterior. De maneira geral representam porções distais de sistemas fluviais distributivos também sujeitas a inundações episódicas, com canais efêmeros e delgadas evidências de splays terminais. No topo da sequência há evidências de exposição subaérea da planície, com pedogênese associada. O padrão de paleocorrentes sugere deposição para sudeste-leste, com áreas-fonte a noroeste-oeste. Esse dado é oposto às paleocorrentes para oeste medidas na Formação Exu e indicam uma mudança polarizada no padrão de dispersão da sedimentação. Essa mudança é provavelmente relacionada ao soerguimento epirogênico da porção leste da Bacia do Araripe que promoveu o rearranjo de toda paleodrenagem continental durante o Albiano Médio. Diversas evidências de deformações sin-deposicionais estão presentes nos ritmitos (pseudonódulos, brechas intraformacionais, injectitos, dobras convolutas, microfalhas) e são aqui interpretadas como produzidas por atividade sísmica, constituindo sismitos. As evidências de atividade sin e pós tectônica na Formação Araripina são relacionadas a reativações de estruturas do embasamento durante o Albiano, provavelmente em resposta ao começo da abertura da margem equatorial brasileira. De fato, a Formação Araripina parece ser confinada por falhas pré deposição da Formação Exu, entre a Zona de Cisalhamento Farias Brito e a Falha de Iara/ Lineamento de Patos. Além disso, a ocorrência de fraturas (falhas e juntas) que mostram padrões NE-SW, E-W e NW-SE é concordante com estruturas tectônicas regionais do embasamento cristalino. Por fim, a Formação Araripina mostra sua importância como um registro sedimentar das atividades tectônicas do Albiano no nordeste do Brasil durante os últimos estágios da ruptura dos continentes sulamericano e africano.