A alfabetização como ingresso no mundo da cultura escrita: contribuições de Antonio Gramsci para os estudos sobre alfabetização na perspectiva da pedagogia histórico-crítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Duarte, Elaine Cristina Melo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237084
Resumo: Esta tese de doutorado em educação escolar se situa na perspectiva da pedagogia histórico-crítica e tem por objetivo contribuir para a construção de uma proposta metodológica de alfabetização na qual o ingresso sistemático da criança no mundo da cultura escrita se constitua em momento do processo caracterizado por Dermeval Saviani como passagem do senso comum à consciência filosófica. Essa passagem se relaciona à alfabetização pelo fato de que o domínio da elaboração escrita do pensamento é necessário ao processo de superação das formas assistemáticas de elaboração e difusão das ideias. Antonio Gramsci deu grande contribuição à compreensão das relações entre o senso comum e as formas mais desenvolvidas de pensamento e, também, entre o pensamento como atividade espontânea e o pensamento como atividade autodirigida de forma sistemática. Existem muitos estudos sobre as ideias gramscianas relativas à educação e não pretendemos apresentar uma leitura original da obra desse autor, mas procuramos situar a concepção de alfabetização como ingresso sistemático no mundo da cultura escrita no interior da perspectiva gramsciana da unidade entre a educação das massas e a elaboração de uma visão de mundo mais avançada que todas as filosofias burguesas. Trata-se da ideia gramsciana de reforma intelectual e moral como uma síntese e, ao mesmo tempo, uma superação, do que significaram na história europeia o Renascimento e a Reforma. Situar a alfabetização nessa perspectiva pode unir o momento da aprendizagem do ler e do escrever ao momento situado na outra ponta do percurso educacional que é o da formação de intelectuais de alto nível. A alfabetização como ingresso sistemático no mundo da cultura escrita torna-se, dessa forma, uma parte da luta pela superação da divisão social entre trabalho manual e trabalho intelectual ou entre os indivíduos que pensam e os que executam. Nesse sentido, são apresentados argumentos em favor da utilização dos clássicos da literatura infantil como textos a serem pedagogicamente trabalhados no processo de alfabetização. Nessa perspectiva, os clássicos não são vistos como algo do interesse exclusivo de intelectuais, mas sim como patrimônio humano que deve ser integrado à vida de todos, incluindo-se as crianças em fase de alfabetização.