Variação bioacústica das vocalizações do complexo Taraba major (Vieillot, 1816) (Aves: Passeriformes: Thamnophilidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Cardoso, Guilherme Sementili [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138230
Resumo: A variação vocal é um dos processos que pode levar a especiação em aves. A divergência das características vocais pode levar ao isolamento reprodutivo, uma vez que indivíduos de uma mesma espécie não seriam capazes de reconhecer seus pares que emitam sinais vocais alterados. Sabendo-se que o ambiente exerce uma pressão seletiva importante na transmissão do som, os indivíduos tendem a alterar a estrutura acústica de suas vocalizações, aprimorando a transmissão sonora. Assim, indivíduos de uma mesma espécie que habitam ambientes distintos tendem a apresentar diferenças vocais. Este estudo analisou as vocalizações de T. major oriundas de diversas localidades da região Neotropical para identificar possíveis variações vocais entre as diversas subespécies. Estas variações foram correlacionadas com as coordenadas geográficas, com altitude e com a distribuição espacial das subespécies de T. major. Foram coletadas 119 vocalizações de indivíduos distintos, que tiveram as suas variáveis temporais e espectrais analisadas por meio do espectrograma e do espectro de amplitude, tomando um limite de -42 dB como referência. Tais características foram correlacionadas com as variáveis de latitude, longitude e altitude. Ao total, foram obtidas quatro subespécies. As variáveis foram reduzidas por uma análise de Componente Principal, e depois classificadas por uma Análise de Função Discriminante. A partir das correlações, observou-se uma relação inversa entre características espectrais e temporais. Valores de frequência decrescem com o aumento da latitude, enquanto os valores temporais aumentam. Do mesmo modo, os valores de frequência tendem a aumentar com o acréscimo da longitude, enquanto os valores temporais decrescem. Algo semelhante ocorre com os grupos atribuídos às subespécies, pois aquelas amostras que estão mais a Noroeste (T. m. semifasciatus e T. m. melanurus) apresentam menores frequências e maiores durações, enquanto aquelas que se situam mais a sudeste (T. m. major e T. m. stagurus) apresentam maiores frequências e menores durações. Este efeito pode estar vinculado às características do hábitat, pois as subespécies T. m. semifasciatus e T. m. melanurus estão situadas em regiões de predomínio da Floresta Ombrófila Densa da bacia Amazônica. Deste modo, vocalizações com menores valores de frequência e maiores valores de tempo sofrem menor atenuação sonora que seria causada pela alta densidade de obstáculos para a transmissão. Este tipo de variação vocal é bem documentado, sendo suportado pela Hipótese da Adaptação Acústica.