Influência da visita domiciliar periódica por enfermeira a pacientes com insuficiência cardíaca na reinternação hospitalar e qualidade de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Coneglian, Regina Célia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194256
Resumo: Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) constitui grande problema de saúde pública mundial devido à gravidade de suas manifestações clínicas e às altas taxas de morbidade e mortalidade. O aumento da longevidade da população, acompanhado do maior número de comorbidades em idosos, colabora no aumento da prevalência de indivíduos com IC. No Brasil, as principais causas de IC são doença coronária, hipertensão arterial, miocardiopatias e valvopatias. O tratamento da IC inclui o uso de várias classes de fármacos, dentre elas os diuréticos que promovem melhora da qualidade de vida por redução dos sintomas congestivos. O tratamento não farmacológico, oferecido por equipes multidisciplinares que contam com o enfermeiro, é descrito na literatura como importante no desfecho clínico de portadores de IC. A visita domiciliar é um recurso valioso, que permite o conhecimento mais amplo da situação do indivíduo, permitindo adequar as orientações oferecidas que otimizem a eficácia do arsenal terapêutico. Objetivo: Avaliar a influência do acompanhamento periódico domiciliar de pacientes com IC por enfermeira treinada, após a alta hospitalar, com possibilidade de intervenção na dose de diurético, sobre a reinternação, capacidade funcional e qualidade de vida. Métodos: Foram randomizados pacientes diagnosticados com IC, através de sorteio com cartões identificados com as letras C ou A, retirados do envelope pelo próprio paciente, divididos em grupos assistido e controle. Os pacientes foram incluídos no estudo de forma consecutiva, no dia da alta hospitalar, respeitando os critérios de exclusão. Os prontuários médicos foram consultados para obtenção de dados demográficos e aspectos clínicos. Os pacientes de ambos os grupos receberam visitas domiciliares mensais e foram orientados a se pesarem diariamente, utilizando uma balança doada pela pesquisadora. Nos dois grupos, foi enfatizada a importância da redução do sódio, restrição de líquidos, do controle de peso e reconhecimento dos sinais de piora clínica. No grupo assistido, os pacientes foram orientados a adicionar 20 ou 40 mg de furosemida à dose de furosemida previamente prescrita, quando ocorria aumento de peso de 1 a 2 kg, por 3 a 5 dias. Após esse período, em caso de melhora, o paciente voltava para a dose anterior. Em caso de piora, a orientação foi de procurar o serviço de saúde. Na primeira e na última visita foi aplicado o questionário SF-36 de avaliação da qualidade de vida. Resultado: O presente estudo contou com a participação de 33 pacientes, sendo 17 do grupo assistido e 16 do grupo controle, sendo a maioria com idade superior a 50 anos. Desse total, 72,7% eram do sexo masculino, 69,7% indivíduos caucasianos, 54,5% eram tabagistas e 39,3% etilistas. A hipertensão arterial foi referido em 93,9% e diabetes em 51,5% dos pacientes. As etiologias eram em sua maioria isquêmica (n=14; 42,4%), seguida de miocardiopatia alcóolica (n=8; 24,2%), hipertensiva (n=5; 15,2%) e chagásica (n=3; 9,1%). Do total de onze óbitos ocorridos, seis foram do grupo assistido, sendo que quatro morreram por IC aguda e dois por outras causas. Dos 5 óbitos do grupo controle, quatro morreram por IC aguda e um por outra causa. Dos 6 óbitos do grupo assistido, 5 ocorreram no período entre a primeira visita e até 40 dias de seguimento, e apenas 1 do controle (p<0,01). Esse fato interferiu no desfecho final, estes pacientes não receberam nemhuma intervenção na dose de diuréticos. O número de reinternações ocorreu em 62% do grupo controle contra 38% do grupo assistido (p=ns). Houve melhora da classe funcional (NYHA) entre a primeira e última visita na maioria dos pacientes do grupo assistido (p=0,01). No grupo controle, embora a maioria tenha melhorado, não atingiu diferença estatística (p=0,13). Em relação à qualidade de vida, avaliada pelo questionário SF-36, houve melhora significativa em todos os domínios e o escore, exceto para dor e aspectos sociais, em ambos os grupos. No domínio estado geral de saúde, houve melhora no grupo assistido e não diferiu no grupo controle. Conclusão: O acompanhamento periódico domiciliar por enfermeira treinada melhora o estado geral de saúde, um dos domínios da qualidade de vida, e a classe funcional da insuficiência cardíaca, no grupo assistido. Em ambos os grupos estudados observa-se melhora da maioria de outros domínios da qualidade de vida, exceto dor e aspectos sociais. Não houve diferença nas taxas de reinternação e de mortalidade.