Sobre os usos linguísticos de homens e mulheres: compreendendo a relação entre preposições e estilo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bueno, Letícia Cordeiro de Oliveira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190677
Resumo: O propósito desta tese é averiguar a relação existente entre as noções de estilo e de sexo/gênero e a variação linguística, por meio da análise de cartas de leitores de revistas masculinas e femininas. Para isso, observa-se o emprego das preposições a, até, em e para nas cartas das revistas brasileiras NOVA e Men’s Heatlh e das revistas portuguesas Cosmopolitan e Men’s Health. Desenvolve-se um estudo descritivo-comparativo entre o português brasileiro (PB) e o português europeu (PE), fundamentado nos pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança Linguísticas (WEINREICH, LABOV, HERZOG, 1968; LABOV 1972, 1994, 2001), e em conceitos relativos a estilo (BIBER e CONRAD, 2009, ECKERT, 2000, 2001, 2003, 2008, 2016; IRVINE, 2001; LABOV, 2001a; PODESVA, 2007a, 2007b, 2011; OCHS, 1992), sexo/gênero (BUTLER, 2016; FREITAG, 2015; MENDES, 2011, 2012, 2018), identidade (BATTISTI, 2014; MENDOZA-DENTON, 2003; WOODWARD, 2014), normas linguísticas (COSERIU, 1979[1952]; BAGNO, 2003, 2011, 2012; FARACO, 2008, 2011, 2012) e gênero textual (BAKHTIN,1995, 2003; MARCUSCHI, 2002, 2007; BAZERMAN, 2007 e MARINE, 2009). A análise das cartas se dá com base em duas estratégias: (i) análise quantitativa, em que se considera a variação de preposições em situação de complementação verbal (MOLLICA, 1996; BERLINCK, 2001; GUEDES e BERLINCK, 2003; TORRES-MORAIS e BERLINCK, 2006, 2007, 2009; BERLINCK, 2011; BUENO, 2014) e (ii) análise estilística que focaliza os traços linguísticos, extralinguísticos e situacionais dos textos que compõem o córpus (cf. BIBER, 1986, 1988, 1995; BIBER e FINEGAN 1989; BIBER e CONRAD 2009; BERLINCK, BALSALOBRE, BIAZOLLI e BUENO, 2012; BERLINCK, BIAZOLLI e BALSALOBRE, 2014 e ALMEIDA, 2015). Para a análise quantitativa, coletam-se todas as ocorrências de complementos preposicionados dos predicadores verbais que têm um complemento preposicionado que veicula o valor de meta nas cartas de leitores ali publicadas. Esses dados são analisados, levando-se em conta: (i) a natureza semântica do predicador (BERLINCK, 1996); (ii) a natureza semântica do complemento preposicionado e (iii) a natureza semântica do complemento objeto direto. Em seguida, são codificados e tratados, estatisticamente, por meio do pacote estatístico GOLDVARB-X. Esses resultados sinalizam que há uma maior incorporação da preposição para no PB, enquanto que no PE é a preposição a que prevalece. Para a análise estilística, elaboram-se dois diferentes conjuntos de elementos linguísticos, que, ao serem relacionados com determinados traços estereotipados do comportamento e da personalidade de homens e mulheres (Broverman, Vogel, Broverman, Clarkson & Rosenkrantz, 1972), julga-se ser mais característicos da fala de homens ou de mulheres. Busca-se, então, pelos elementos mais recorrentes nesses textos. Realiza-se, ainda, uma análise textual e interpretativa das cartas, em que se observa o posicionamento adotado pelos homens e mulheres que as escreveram para, posteriormente, aliar tais posicionamentos aos significados sociais atribuídos às preposições. Nota-se que as cartas escritas por mulheres (brasileiras ou portuguesas) evidenciam comportamentos mais “ousados” e “inovadores”, enquanto que àquelas escritas por homens (brasileiros e portugueses) atribui-se um comportamento mais “conservador” e “cauteloso”.