Expressão do objeto indireto no português brasileiro: testemunho linguístico em peças de teatro dos séculos XIX e XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Yamauchi, Cássia Yukari
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-27092013-100939/
Resumo: Estudos que tratam da sintaxe dos objetos indiretos (OI) no português brasileiro (PB), com base em dados coletados de fonte documental histórica, revelam o uso variado das preposições a e para com OIs interpretados como recipiente/meta, no contexto dos verbos de transferência e movimento, entre eles, dar, levar, e outros. Tais estudos revelam ainda a ausência da preposição a com os chamados verbos de criação, entre eles, construir, desenhar, pintar, etc. nos quais OI é interpretado como beneficiário. Outro fato relacionado aos anteriores pode ser descrito da seguinte forma: no PB, o OI não mais é expresso pelos clíticos dativos de 3a pessoa. Tal estratégia está restrita à escrita formal. Isso sugere que sua expressão morfológica foi afetada. Nosso principal objetivo nesta dissertação é contribuir com novas evidências dos aspectos dinâmicos que caracterizam a variação e mudança na história do PB, com base em um corpus constituído de dados extraídos de peças teatrais dos séculos XIX e XX. Como será mostrado, nossos resultados corroboram os estudos anteriores: há uma forte queda na frequência dos clíticos dativos em seu uso de 3a pessoa. Estes deixam de ser a estratégia principal na expressão do OI pronominal. Com base em Torres Morais & Salles (2010) e trabalhos subsequentes, assumimos que a mudança paramétrica na gramática do PB pode ser descrita como a perda do núcleo aplicativo baixo que introduz o OI dativo em estruturas bitransitivas. A configuração em que uma preposição lexical introduz o OI como seu complemento oblíquo é a única opção encontrada no PB. Por ser um modelo internalista, a Teoria dos Princípios e Parâmetros propõe que a mudança sintática é ativada durante o processo de aquisição da língua materna. A mudança no valor de um parâmetro é catastrófica: uma vez fixado na fase de aquisição da linguagem não poderá ser refixado (cf. Lightfoot, 1979, 1997, 1999). Este tipo de abordagem, porém, não traz respostas para as questões que se referem à dinâmica da mudança sintática. Portanto, seguindo Roberts (2007), assumimos que é perfeitamente possível e desejável que se busque conciliar a abordagem proposta no quadro da teoria dos P&P e a abordagem proposta na Teoria da Variação e Mudança Linguística, tal como formulada por Weinreich, Labov & Hersog (1968) eLabov (1972, 1994).Assumimos ainda a ideia da competição de gramáticas, como proposta por Kroch (1989, 2000, 2001).