Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Sugai, Larissa Sayuri Moreira [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/191329
|
Resumo: |
A natureza é ruidosa. Passarinhos gorjeiam enquanto o vento silva ao pentear os campos com abelhas e seus zunzuns rondando flores. Desatentos, deixamos de notar uma incrível quantidade de elementos retumbando em nosso entorno. No entanto, cada som parte de uma fonte, deixando uma pista sobre a situação na qual foi produzido. Podemos identificar a espécie de passarinho pelo seu canto, e, quem sabe, revelar a passagem de uma espécie migratória. A imagem de um campo nos é desperta ao escutar o vento soprando por gramíneas, que ressoaria diferente se soprasse por uma floresta. Por conseguinte, podemos registrar a atividade acústica dos organismos e descrever as dinâmicas de ecossistemas através de um conjunto de técnicas oferecidas pelo monitoramento acústico passivo. Além disto, os diversos sons emitidos por animais são produzidos sobretudo para fins reprodutivos e territoriais. Sua produção possui elevado custo energético e influencia se a performance de um organismo resultará em saldo positivo para a perpetuação de seus descendentes. Diante disso, alguns percalços no caminho entre a emissão e a recepção desses sons podem adulterar suas características e inviabilizar seu reconhecimento. Por serem ondas mecânicas, a vegetação pode refratar e absorver elementos dos sons emitidos por animais. Ou ainda, em grandes agregações, como os coros por aves no amanhecer e por anuros e invertebrados ao ocaso, os diversos sons podem gerar interferências. Em ambos os casos, a degradação sonora pode comprometer o sucesso reprodutivo das espécies. Contrariamente, uma outra perspectiva prevê que esses percalços não seriam tão custosos assim, e que na verdade os sons emitidos intermediam interações entre diferentes espécies podendo influenciar a distribuição dos organismos. Isto posto, tive como objetivos nesta tese i) sumarizar aplicações do monitoramento acústico em ecologia e conservação e ii) investigar a organização de comunidades de anuros no Pantanal sul-matogrossense a partir de seus aspectos acústicos e de uma alta precisão temporal para representar as comunidades. Para tal, começo com um prólogo que traça um paralelo entre o conjunto de gravações acústicas obtidos atualmente à “cápsulas do tempo” que no futuro, podem se tornar registros únicos do passado dos ecossistemas. Em sequência, os dois primeiros capítulos buscam sintetizar aplicações e tendências bibliográficas sobre monitoramento acústico passivo em ambientes terrestres, sendo o primeiro capítulo uma revisão sistemática da literatura. No segundo capítulo, resumo os desenhos amostrais utilizados e apresento diretrizes para otimizar a amostragem. A segunda parte da tese é destinada a investigação da organização de comunidades de anuros através de monitoramento acústico. No capítulo 3, caracterizo as comunidades a partir de atributos das vocalizações dos anuros e investigo se o espaço acústico estaria arranjado de forma a minimizar potenciais interferências na comunicação. Em geral, as comunidades foram constituídas por espécies acusticamente similares, e aquelas comunidades contendo espécies mais distintas filogeneticamente apresentaram maior similaridade acústica. Esses resultados sugerem que, sob uma perspectiva acústica, a as comunidades podem estar organizadas em função do uso de informação a partir dos sinais acústicos umas das outras. No capítulo 4, analiso as comunidades de anuros a partir de um recorte temporal bastante preciso, onde variações dentro do período de atividade diária das espécies são consideradas. As comunidades apresentaram a maior parte das espécies ativas no começo do período noturno, com conseguinte decaimento ao longo da noite. Essa variação em curto prazo é maior em locais cujo ambiente é estruturalmente mais complexo, sugerindo contundentes dinâmicas temporais de curto prazo associadas a periodicidade e ao ambiente. Isso implica que essas dinâmicas podem modular interações entre espécies e, por consequência, refletir na estruturação das comunidades. Por fim, espero que essa tese possa estimular o uso do monitoramento acústico em pesquisas ecológicas, e apresentar novas perspectivas, a partir da acústica, sobre o funcionamento de comunidade ecológicas. |