Atributos Funcionais e o Desempenho de Espécies Arbóreas Nativas na Restauração da Floresta Estacional Semidecidual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Góes, Guilherme Alcarás [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244091
Resumo: A abordagem funcional vem se mostrando relevante para a ecologia da restauração, pois ajuda a predizer como os atributos funcionais afetam o desempenho das espécies, a montagem das comunidades e o funcionamento dos ecossistemas. Todavia, raramente a sobrevivência e o crescimento dos indivíduos arbóreos estabelecidos em plantios de restauração florestal têm sido relacionados aos atributos funcionais das espécies que constituem a floresta. Objetivamos, com este trabalho, identificar e discutir as relações entre atributos funcionais e o desempenho de espécies arbóreas em florestas tropicais restauradas. Avaliamos a variação funcional entre os grupos de espécies mais abundantes (dominantes) e raras (não dominantes) que foram plantadas e se estabeleceram em duas áreas experimentais estabelecidas com as mesmas espécies. Buscamos identificar atributos funcionais relacionados ao sucesso de estabelecimento e produtividade dessas espécies dominantes. Também selecionamos indivíduos de espécies comuns a diferentes sistemas e sítios experimentais, a fim de entender a variação intraespecífica dos atributos, de acordo com os distintos modelos de restauração e classes de solo. Utilizamos análise de variância para comparar os valores de 9 atributos entre os dois grupos de espécies. Foram gerados modelos de regressão múltipla para identificar quais desses atributos melhores explicam o sucesso no desempenho das espécies em plantios de restauração da Mata Atlântica, e modelos mistos generalizados para avaliar se há respostas distintas das mesmas espécies em diferentes modelos de restauração e classes de solo. Os resultados indicaram que espécies abundantes e raras se diferem nos valores dos atributos funcionais. A maior altura das espécies dominantes indica que esse grupo teve vantagem competitiva, crescimento rápido e foi capaz de estruturar o dossel da comunidade florestal restaurada, quando comparadas com as não dominantes. A densidade básica da madeira e a altura explicaram a taxa de estabelecimento/sobrevivência das espécies, ao passo que apenas o incremento médio anual explicou o acúmulo médio de biomassa por árvore, após mais de 20 anos de implantação. O sítio com solo de maior fertilidade e maior capacidade de retenção de água proporcionou maiores valores de área foliar específica, altura, concentração de fósforo foliar, incremento médio anual e área da copa, indicando estratégias aquisitivas por parte das espécies, ao passo que no sítio com solo mais pobre o TMSF e a N:P foram maiores, indicando estratégias mais conservativas. Apenas a densidade básica da madeira diferiu entre os tratamentos de restauração, sendo o tratamento de alta diversidade o que apresentou maior DB média. Embora alguns padrões gerais possam ser detectados entre grupos de espécies dominantes e não dominantes, nossos resultados sugerem que as espécies tendem a se comportar de forma distinta dentro de um espectro de variação dos atributos funcionais, indicando já haver uma alta diversidade funcional na floresta restaurada, após mais de 20 anos. Concluímos que os atributos funcionais explicam, ao menos em parte, o estabelecimento e o acúmulo de biomassa das espécies na comunidade, e que tanto as características de sítio quanto os tratamentos de restauração influem na expressão dos atributos funcionais da comunidade, indicando respostas aos diferentes filtros abióticos e bióticos.