Efeitos do turismo no branqueamento de Palythoa caribaeorum e Mussismilia hispida (Cnidaria, Anthozoa) em recifes rochosos do Litoral Norte de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Mariano, Amanda Escarabichi Bueno [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/257884
https://lattes.cnpq.br/5741295618655208
Resumo: Os ambientes recifais, com destaque para os recifes rochosos do sudeste do Brasil, possuem grande importância ecológica e socioeconômica. No entanto, a capacidade dos recifes prestarem serviços ecossistêmicos diminuiu pela metade desde 1950 devido a ações globais como o aquecimento do oceano. Além disso, o impacto de estressores locais pode reduzir a resistência dos corais a eventos de branqueamento, fenômeno que impacta vastamente os recifes pelo planeta, decorrente do estresse térmico. O Litoral Norte do Estado de São Paulo recebe um fluxo de 5 milhões de turistas ao ano, com um crescente turismo náutico. Apesar da maioria dos recifes da região estarem dentro de áreas protegidas, poucas ações de gestão consideram a integralidade deles. Assim, o objetivo do estudo foi monitorar o branqueamento do zoantídeo Palythoa caribaeorum e do coral Mussismilia hispida em recifes rochosos do litoral norte de SP, visando compreender se a carga local de atividades de turismo está impactando as colônias. Foram estudadas três ilhas divididas em áreas expostas a maior e menor intensidade de atividades, e uma ilha sob proteção total, em cinco medidas de tempo ao longo de um ano, abrangendo o pico da onda de calor no início de 2024 durante o Quarto Evento Global de Branqueamento em Massa. O branqueamento foi obtido através do Coral Health Chart por meio de fotoquadrados, ao longo de 3 transectos por área. Foram quantificadas as atividades de turismo de cada ilha e obtidos valores da Temperatura da Superfície do Mar e de Degree Heating Weeks (DHW). Utilizou-se um Modelo Misto Generalizado para testar a hipótese de que nas áreas com maior carga de atividades há maior branqueamento das colônias, tanto em meses quentes como frios. Nas três ilhas, houve alta concentração de embarcações ancoradas próximas aos costões, em todos os meses. A média de branqueamento de P. caribaeorum nas áreas com turismo foi 11 unidades maior do que nas áreas com menor carga de atividades (p<0,001). Para M. hispida esse efeito foi observado em interação com o período quente. As áreas expostas ao turismo branquearam mais nos meses quentes, em relação ao inverno, do que as não expostas. Na ilha sob proteção total, durante o período quente, o branqueamento de P. caribaeorum e M. hispida foi 22 e 16 unidades menor do que nas áreas com turismo (p<0.001). Houve a presença de branqueamento de P. caribaeorum nas áreas com turismo mesmo no inverno. O trabalho sugere que a grande carga de atividades de turismo nos ambientes recifais, como a alta concentração de embarcações, pode representar um impacto potencial. Durante o Quarto Evento Global de Branqueamento a região registrou um pico de anomalias térmicas de 8°C-weeks, e um branqueamento moderado foi observado, predominante nas áreas com maior carga de atividade. A proteção total contra atividades antrópicas locais mostrou um efeito positivo, exibindo menores taxas de branqueamento mesmo durante ondas de calor. Dessa forma os dados obtidos apontam uma importante contribuição para a gestão desses ambientes, destacando a necessidade do ordenamento das atividades de turismo na região, onde impactos locais podem estar exacerbando um impacto global severo, com implicações letais para as espécies de corais e zoantídeos, que sustentam uma grande biodiversidade recifal.