A fruição estética e o engajamento político nas peças Olgas Raum e Licht, de Dea Loher: um teatro de paixões

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Miguel, Júlia Mara Moscardini [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157407
Resumo: Dea Loher, dramaturga contemporânea alemã, propõe ao seu leitor/espectador histórias que retratam a sociedade, conduzindo seu público a uma reflexão acerca de temas inerentes à realidade na qual ele se encontra inserido. Através de um rico trabalho estético, a proposta de Loher é contar histórias e as várias versões projetadas a partir de um tema inicial, hipótese que poderá ser verificada a partir da análise de duas peças da dramaturga e as possíveis intersecções entre elas, destacando a estética teatral recorrente na práxis da autora e valorizando o recorte temático presente na relação história-realidade-ficção. Trata-se das peças Olgas Raum (1994a) e Licht (2001), a primeira ficcionalizando a vida no cárcere da militante judia Olga Benário, com o desfecho na câmara de gás e a segunda, retomando a vida reclusa de Hannelore Kohl, esposa do chanceler alemão Helmut Kohl. Em ambas as peças, Loher foca nas micronarrativas representadas pela figura dessas grandes mulheres por trás de importantes políticos da história universal. Ao reescrever essas histórias, ela subverte conceitos sedimentados e discute a formação dos discursos oficiais através da dicotomia público versus privado. Para Loher há várias histórias por trás de um fato e não há apenas uma só “verdade”, mas um conjunto delas, sendo cada uma contada por cada indivíduo. Nas peças em questão, a dramaturga recolhe histórias que compõem o discurso da grande História oficial, além do discurso jornalístico e do discurso biográfico, transformando essas versões em um mosaico de informações costurado pela linguagem estética. O discurso literário, por sua vez, prevê a versão mais íntima e pessoal das personagens e ainda permite que o leitor elabore a sua própria versão dos fatos, atestando o conteúdo político das obras. O trabalho da dramaturga é, portanto, recolher histórias que através de um rico tratamento estético revelam obras primas da contemporaneidade e que abrem espaço para uma ampla reflexão acerca da realidade.