Aspectos da ação inibidora de própolis, peptídeos antimicrobianos e compostos majoritários de óleos essenciais sobre bactérias esporuladas.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sani, Alessandra Aguirra
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214961
Resumo: A própolis desde muito tempo é estudada visando elucidar suas inúmeras propriedades biológicas. Os preparados à base de própolis, especialmente de Apis mellifera, são utilizados na elaboração de fitoterápicos além de matéria prima em alguns setores da indústria de alimentos e cosméticos. Nesse estudo buscou-se testar ações antimicrobianas dos extratos etanólicos de própolis (EEP) considerando três formas de preparo, Dupla Ultrasonicação em banho ultrassônico (U+U), Dupla Maceração (M+M) e Maceração associada a Ultrasonicação (M+U), além dos peptídeos antimicrobianos melitina e nisina, dos compostos majoritários presentes nos óleos essenciais da canela (cinamaldeído - Cinnamomum zeylanicum) e do cravo da Índia (eugenol - Syzygium aromaticum) bem como do antibiótico tetraciclina, sobre isolado de Bacillus subtilis (isolado de solo) e Paenibacillus alvei (ATCC 6344), este ultimo, importante patógeno para larvas de abelhas contribuindo para ocorrência da doença conhecida como Cria Pútrida Europeia (CPE). Foram testadas ação anti-esporo, atividade inibidora pela determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e bactericida mínima (CBM) utilizando a metodologia da microdiluição (Resazurin Microtiter Assay – REMA). Verificou-se também a ação dos EEP’s, peptídeos antimicrobianos e compostos majoritários sobre membrana plasmática bacteriana, integridade bem como permeabilidade, através dos ensaios de liberação de proteínas por meio da metodologia de Bradford, liberação de ácidos nucleicos, e ensaios de efluxo de íons potássio e fosfato. Também foi avaliado o efeito sinérgico dos antimicrobianos naturais com a tetraciclina, determinados pela metodologia time kill curve visando a potencialização da eficácia destes produtos. Os três modos de preparo dos EEP’s apresentaram semelhante atividade antimicrobiana, com valores análogos de CIM e CBM, 156,25 µg/mL para B. subtilis, e 78,12 µg/mL para P. alvei, exceto para o extrato etanólico M+U que apresentou valor de 156,25 µg/mL para CBM. Observou-se que os peptídeos melitina e nisina apresentaram melhor atividade frente a B. subtilis com valores de CIM de 12,00 µg/mL e 37,50 µg/mL respectivamente, bem como CBM de 28,0 µg/mL para melitina e 37,5 µg/mL para nisina. Para P. alvei todos os produtos mostraram efeitos similares de ação antimicrobiana seja de efeitos bactericida ou bacteriostático, exceto o eugenol, que mostrou menor atividade. Quanto a ação anti-esporo, nota-se que P. alvei apresentou uma maior resistência aos produtos testados quando comparados a B. subtilis. Melitina e nisina foram os produtos que mostraram maior capacidade de redução de esporos em menores concentrações, sendo que para B. subtilis obteve-se 100% redução em concentrações de 6,25µg/mL e 0,78 µg/mL respectivamente, e para P. alvei, redução foi de 93% para a melitina e 98% para nisina, em concentrações de 80 µg/mL e 15 µg/mL respectivamente. Quanto aos testes de liberação de proteínas, foi possível observar um aumento gradual das concentrações de proteínas extravasadas em função do tempo para todos os tratamentos, sendo que para B. subtilis, os EEP’s e os peptídeos antimicrobianos mostraram maior liberação de proteínas, e para P. alvei, os EEP’s foram os tratamentos que apresentaram melhor efeito na liberação proteica. Foi possível observar a liberação de ácidos nucleicos após 4 horas de tratamento com os produtos em estudo, indicando assim danos a membrana celular bacteriana. Os ensaios de efluxo de íons fosfato mostraram melhor atividade da melitina junto às bactérias em estudo, com resultados de liberação variando de 10 mg/L para 50 mg/L na concentração de 2xCIM para B. subtilis, e de 10 mg/L para 25 mg/L nas concentrações 1xCIM e 2xCIM, sobre P. alvei. Para os ensaios de efluxo de íons potássio, os três métodos de preparo dos EEP’s apresentaram resultados semelhantes, com liberação de 450 mg/L na concentração de 2xCIM após 4 horas, para B. subtilis e P. alvei. Os resultados obtidos com a metodologia da time kill curve mostraram sinergismo entre todos os antimicrobianos testados e a tetraciclina, para ambas as bactérias. Pretendeu-se esclarecer a ação dos produtos em estudo, sobre bactérias esporuladas com intuito de se obter um antibacteriano com uso potencial no manejo de apiários de abelha Apis mellifera, especialmente contra a doença da Cria Pútrida Europeia também conhecida como Loque Europeia, e sendo assim, pode-se concluir, que os EEP’s, os peptídeos antimicrobianos e os compostos majoritários utilizados no estudo, apresentam atividade antimicrobiana e ação junto a membrana celular bacteriana, e que todos os produtos testados possuem potencial como futuros agentes antimicrobianos, com destaque aos peptídeos melitina e nisina por sua atividade anti-esporo.