Viagens entre silêncios e conversas: denúncia e resistência em Vidas secas e Conversazione in Sicilia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Faria, Patricia Aparecida Gonçalves de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181114
Resumo: O presente estudo propõe uma análise comparatista das obras Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos e Conversazione in Sicilia (1941), de Elio Vittorini, a partir de um olhar interpretativo de como a Literatura pode desempenhar, por meio da viagem, nos respectivos romances, um papel de denúncia e resistência. A ênfase está na análise dos pontos convergentes e divergentes utilizados pelos autores na veiculação de suas narrativas sem, contudo, deixar de verificar a relação temática construída pelos sujeitos e o mundo representados, seja no contexto italiano, seja no brasileiro. Dessa forma, tal relação é marcada pelo costume de vida simples em um local árido e subdesenvolvido, que caracteriza os espaços descritos: o sertão nordestino brasileiro e o sul da península itálica, de modo que seus autores apontam particularidades culturais, econômicas, sociais e políticas que são peculiares aos espaços retratados, mas que podem se tocar apesar da distância geográfica, principalmente no percurso de homens esquecidos e massacrados pelas autoridades dominantes. Para guiar nossas reflexões, baseamo-nos principalmente nos estudos de Candido (1976, 1989, 1992 e 2009), Bosi (1995, 1996, 2002, 2003 e 2013), Carvalhal (2006), Rosenfeld (1985 e 2009), Gagnebin (2006), Panicali (1994), Squarotti (1987) e Facioli (1987), entre outros, com o objetivo de compreender como essas duas vozes, entre as décadas de 1930 e 1940, fizeram soar em seus textos questões com resíduos e rastros homólogos em muitos momentos, como o caminhar de Silvestro em direção à e por sua terra natal e a viagem de Fabiano com sua família pelo sertão, à procura de um lugar melhor. A nosso ver, o deslocamento retratado nessas viagens pode representar denúncia em relação às sociedades opressoras e, ao mesmo tempo, resistência.